Saboreando a Palavra

28/08/2018

Outro jeito de ser feliz – Mt 5,1-12 – A luta da vida humana consiste principalmente em buscar a felicidade. Todo mundo quer ser feliz. Mas Jesus propõe caminhos contrários aos que o mundo impõe para a gente ser feliz. É a grande mensagem do Evangelho deste 4º domingo do Tempo Comum. São as conhecidas “bem aventuranças”, que em Mateus formam um conjunto de oito e em Lucas são quatro. As bem-aventuranças são como que a porta de entrada do assim denominado “sermão da montanha” do Evangelho de Mateus (Mt 5-7). Elas declaram felizes os pobres, vistos sob oito aspectos, pois nelas o Reino de Deus já se faz presente. A tradição cristã sempre tem falado de “oito bem-aventuranças”, mas o texto, por nove vezes, inicia a frase dizendo “Felizes”. A rigor, seriam nove as bem-aventuranças do 1º Evangelho. Sendo nove, bem no meio está a bem-aventurança dos misericordiosos. Isto lança uma luz muito luminosa sobre o texto, pois o coração das bem-aventuranças é a misericórdia. De fato, a misericórdia, o amor fiel e compassivo de Deus é a manifestação mais própria de Deus e o modo mais acabado de nos parecermos com Ele. Como bem escreve O Papa Francisco em sua Carta Apostólica “Misericórdia et Misera” – “A misericórdia não se pode reduzir a um parêntese na vida da Igreja, mas constitui a sua própria existência, que torna visível e palpável a verdade profunda do Evangelho”. Na nova Lei proclamada por Jesus, escrita não em tábuas de pedra e nem revelada no monte Sinai em meio a sinais extraordinários, nesta nova Lei proclamada na pequena montanha da Galileia, estando Jesus acompanhado de uma multidão de “acometidos por doenças diversas e atormentados por enfermidades, bem como endemoninhados, lunáticos e paralíticos… vindos” dos mais diversos lugares (cf Mt 4,24), nesta nova lei há uma inversão de precedências. Os pobres são os preferidos de Deus e são o lugar teológico por excelência. É neles que se revela o rosto de Misericórdia do Pai. Não é sem razão que “bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” é a bem-aventurança central. Num mundo marcado pela ganância e pela disseminação do ódio, como no atual momento, as bem-aventuranças são a maior página revolucionária do Evangelho. Que sejamos revolucionários, revolucionárias! Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ