Saboreando a Palavra
Uma proposta desafiadora” – Mt 5,38-48 – O Evangelho do 7º domingo está em continuidade ao dos domingos anteriores e estamos acompanhando Jesus falando aos seus discípulos e à grande multidão no “sermão do monte”, segundo o Evangelho de Mateus. É preciso superar a “justiça dos escribas e fariseus para entrar no reino dos céus” (v.20). No texto deste domingo nos deparamos com algo que vai frontalmente na contramão de tudo o que se vive e se propaga na sociedade atual. Trata-se de um dos mandatos mais revolucionários de Jesus: “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (v.44). “Amar os inimigos” é entrar na cultura da misericórdia, romper com a lógica da violência, estancar a corrente do ódio, amar gratuitamente. Ao falar de amor aos inimigos, Jesus certamente tem em mente uma relação de humanização das pessoas, de interesse pelo bem de cada pessoa, independente de sua condição social, opinião, etnia, opção política ou religiosa, de afetos ou desafetos. Amar, nas Escrituras, significa fazer sempre o bem ao outro. Não se trata de um sentimento de afeição ou rejeição. Amar é querer o bem do outro. A vocação do ser humano consiste em amar. Fomos ‘criados à imagem e semelhança de um Deus’ amor, e seremos plenamente humanos quando amamos. O ódio desumaniza, brutaliza, degrada nossa humanidade . “Amar os inimigos e orar pelos que vos perseguem” é caminho de humanização. E Jesus aponta trilhas bem concretas deste processo: a) Rejeição a toda forma de violência- Jesus se opõe à pena de talião. Nada de “olho por olho, dente por dente”. b) Doação sem medida – “Se alguém te bate num face, oferece a outra”. “Se alguém tomar a túnica, dá o manto”. c) “Amor aos inimigos” – Amar não só os compatriotas, mas a todos, pois o “Pai faz o sol brilhar sobre bons e maus…” d) “Sede perfeitos como o Pai” – imitar o Pai no seu jeito de amar gratuitamente. Certamente a proposta de Jesus é uma proposta desafiadora para ontem e, mais ainda para hoje, quando cresce a desumanização gerada pela disseminação do ódio e da intolerância. Mais que nunca, a profecia da misericórdia se faz urgência. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ