Saboreando a Palavra
“Uma Igreja em saída” – Mt 9,36-10,8 – No Evangelho deste 10º Domingo do Tempo Comum, temos a Missão dos Doze Apóstolos. É um ”Manual do missionário”, em que Jesus revela os conteúdos do anúncio e as atitudes fundamentais do Missionário. Após ter apresentado Jesus a anunciar o Reino em “palavras” e “obras” (Mt 9,35) Mateus descreve o “chamado” e o “envio” dos 12 em missão. “Vendo a multidão, encheu-se de compaixão por elas, porque estavam angustiadas e abatidas, como ovelhas que não tem pastor”. Jesus tem seu olhar voltado para a triste realidade das multidões: ”Estavam cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor…”. Dirige-se aos discípulos e faz um apelo: “a Messe é grande… e os operários são poucos…” ”Rogai ao dono da Messe…”, Segundo Mateus, Jesus não convida apenas discípulos para seu seguimento, como nos demais sinóticos, mas quer “operários”, ou seja, trabalhadores, que “operam”, que realizem ações, certamente as que Ele vem realizando em favor das multidões angustiadas, que vivem numa realidade “anti-reino”. Então chama e envia os Doze discípulos-missionários, “operários”. Confere o poder de expulsar os demônios e curar os doentes: isto é, tudo o que destrói a VIDA e a felicidade da criatura humana. Chama cada um pelo ”Nome”, o que significa que a missão é pessoal, mas também comunitária. Chamando e enviando, faz o envio missionário com algumas orientações e recomendações. Os primeiros destinatários da missão são os próprios judeus, os herdeiros da Aliança: ”Ide às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Sendo os discípulos judeus, pode-se confirmar o que nos dizem os doc. da Igreja: “O primeiro a ser evangelizado é o próprio evangelizador”. O foco do anúncio missionário é: ”O Reino de Deus está próximo”. E as obras que os operários devem realizar são os que manifestam o Reino em ação: ”Curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios”. Todos gestos que revelam o rosto da misericórdia do Pai que se faz presente na história. Ações a favor dos despossuídos, da massa sobrante, do “material de descarte”, como chega a afirmar o papa Francisco. Para bem operar nesta messe do Senhor, os operários devem ir despojados de tudo: de bens materiais e de desejos de reconhecimento e de recompensa: “De graça recebestes, de graça deveis dar”. O serviço ao Reino é da dinâmica da gratuidade, pois servir gratuitamente é constitutivo do Reino de Deus. Um serviço que não busca nunca seu próprio interesse, mas que é serviço de misericórdia, revelador do rosto do Pai. Esta é a principal missão de uma “Igreja em saída”. Por meio das obras, “difundir o Deus da Misericórdia”. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ