Festa da Epifania

02/01/2021

“Nós vimos sua estrela” – Mt 2,1-12 – Festa da Epifania – Este tempo litúrgico de Natal nos envolve num clima de emoções, de ternura, de novas sensibilidades. Desperta em nós sentimentos que nossa racionalidade cotidiana esquece. A festa da epifania faz parte deste imaginário criativo, cheio de sonhos e de mistérios. A liturgia celebra a manifestação de Jesus ao mundo. Epifania é uma palavra de origem latina e significa “revelação”, “manifestação”. O episódio da visita dos Magos ao menino de Belém é simpático e de muita ternura, que sempre gera novos sonhos e até “fantasias” nos cristãos. No entanto, convém recordar que se trata de uma narrativa do assim conhecido “Evangelho da Infância”. Os fatos narrados nesta secção não são a descrição exata de acontecimentos históricos, mas um ensino sobre Jesus e a sua missão. Pelo que tudo indica, Mateus não está interessado em apresentar uma reportagem jornalística sobre a visita oficial de três “chefes de estado” estrangeiros à gruta de Belém. Por meio de uma linguagem simbólica, Mateus apresenta Jesus como enviado do Pai para salvar “todas as nações”. A análise dos vários detalhes do relato mostra o objetivo teológico da narrativa. Mateus insiste no fato de Jesus “ter nascido em Belém de Judá”, terra de origem do rei Davi (cf. vv 1.5.6.7). Recordemos que o Evangelho de Mateus foi escrito para uma comunidade de cristãos provenientes do judaísmo, que esperam o Messias de origem davídica. Assim evita também dizer que Jesus é de Nazaré, pois de Nazaré “nada sai de bom”, segundo a tradição judaica. Um Messias jamais viria de Nazaré. Outro detalhe é a estrela “especial” que apareceu. Fixar a atenção em “fato histórico” é desviar o foco. Havia a crença popular que personagens importantes na história eram marcados pelo aparecimento de alguma estrela. Também a tradição judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacó (cf. Nm 24,17). O desconcertante é que esta estrela apareceu no oriente, foi vista por “estrangeiros” e não pelo povo judeu. Temos ainda as figuras dos “magos”, personagens geradores de grande imaginário. Até nomes lhes foram atribuídos. Certamente são figuras trazidas por Mateus para  representar “todas as nações”, a quem Jesus veio trazer a salvação. Eles seguem a estrela, a nova luz que surgiu, e levam a seus dons como oferta e sinal de adesão. Enquanto os “magos” estrangeiros, do oriente, adoram a Jesus, Herodes e “toda Jerusalém ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino. Decidem logo a sua morte. Diante da luz que se acende, a indiferença não existe. Ou se opta pela luz ou se decide permanecer nas trevas. Os excluídos viram a estrela… Eis a grande revelação da festa da epifania: povos pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu Salvador. “Nós vimos sua estrela” ! Ver o sinal e seguir os caminhos que levam a Jesus é a proposta do evangelho para este dia e para todos os dias do ano de 2021. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ