3º Domingo do Tempo Comum – 24/01

21/01/2021

Cumpriu-se o tempo” – Mc 1,14-20 – 3º Domingo do tempo Comum – Domingo da Palavra – A liturgia deste domingo volta à narrativa vocacional, tema já focado no domingo anterior, então pelo evangelista João. A narrativa de Marcos difere da de João e traz elementos muito próprios do 2º Evangelho. Consideremos inicialmente que o Papa Francisco convocou toda a Igreja a celebrar neste terceiro domingo o Domingo da Palavra. Então é de dar especial atenção ao que a Palavra de Deus nos fala neste dia. O texto do Evangelho que nos é proposto, inicia com o anúncio do “princípio da caminhada da Palavra” que conduz à salvação, anunciando a proximidade do Reino de Deus. O lugar geográfico em que o texto nos situa é a Galileia, considerada, pelas autoridades religiosas de Jerusalém, uma terra de onde “não podia vir nada de bom”. O nosso texto, do ponto de vista literário, divide-se em duas partes. Na primeira, Marcos apresenta uma espécie de resumo da pregação inicial de Jesus (cf. Mc 1,14-15); na segunda, o evangelista apresenta os primeiros vocacionados (cf. Mc 1,16-20). No breve, porém precioso resumo da pregação inicial de Jesus, temos a porta de entrada de todo o Evangelho. Inicia dizendo: “depois que João Batista foi preso”. Parece que o fato da prisão do precursor foi o sinal e ponto de partida para ação de Jesus. Não dá mais para esperar. É urgente iniciar a missão. Marcos coloca na boca de Jesus as palavras que revelam a interpretação que Jesus faz dos acontecimentos. A prisão do Batista mostra que as coisas como que se atropelam: “cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1,15). Parece que Jesus diz: basta! Basta de tanta injustiça, violência, perseguição, de tanta corrupção, de tanto abuso de poder. Foi preso quem denuncia os desmandos do poder. Basta! “Cumpriu-se o tempo”! Semelhante ao clamor que ressoa hoje pelo mundo afora, diante da trágica pandemia e de tantos desmandos políticos. Há vozes que bradam: Basta!  Basta de indiferença diante da morte de tantas pessoas!  Basta por tirar proveito político sobre a vacina que custou a dedicação absoluta de tantos de cientistas. Basta de holofotes sobre quem pouco ou nada fez em favor da vida. Basta! No Evangelho Jesus afirma: “cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus se aproxima”.  Que “tempo” é esse que “se cumpriu ”? Para Jesus, é o “tempo” do “Reino de Deus”, da nova ordem a ser estabelecida, do tempo da justiça e da misericórdia divinas. A expressão “reino de Deus” levava aqueles pobres ouvintes a se entusiasmarem por um dos grandes sonhos do Povo de Deus… Um tempo de paz, de justiça, de abundância, de felicidade sem fim. Esta esperança estava bem viva no coração dos pobres na época em que Jesus aparece dizendo: “o tempo completou-se e o Reino de Deus aproximou-se”. Mas Jesus começa pedindo a conversão, o acolhimento da Boa Nova. “Converter-se”, como já sabemos, significa mudar de mentalidade e de atitudes, reformular os valores que orientam a própria vida. Na perspectiva de Jesus, não é possível que esse mundo novo de amor e de paz se torne realidade sem que a humanidade renuncie ao egoísmo, ao orgulho, à auto-suficiência e passe a ouvir a Deus e acolher suas propostas. Para isto o “Domingo da Palavra” nos convoca.  Fala-se muito hoje em tempos de pós-pandemia. Se não houver mudança de mentalidade e de atitudes, o vírus do ódio fará tantas ou mais vítimas que a COVID 19. E Jesus não ficou só na proclamação inicial. Chamou discípulos que “deixaram tudo”, deixaram bens, familiares, mentalidades e seguiram imediatamente a Jesus, iniciando assim a “comunidade do Reino”. Sim, “cumpriu-se o tempo”. Também para nós hoje, “cumpriu-se o tempo”. É urgente a mudança de mentalidades e de atitudes… e agir a favor da vida. Não há mais tempo a perder!  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ.