5º Domingo do Tempo Comum – 07/02

03/02/2021

“Foi para isto que eu vim” – Mc 1, 29-39 – A “jornada de Jesus”, traçada pelo evangelista Marcos, nos leva a seguir o mestre, neste domingo, deixando a Sinagoga de Cafarnaum e indo para a casa de “Simão e André”. O inicio desta caminhada se deu com o chamamento dos primeiros discípulos (cf. Mc 1,16-20), constituindo a comunidade do “Reino de Deus”. Jesus começa assim a atuar diretamente nas realidades que necessitam de mudanças. Entra na Sinagoga e lá começa a “ensinar”.  Na sinagoga, neste espaço santo, ocorre algo que não se poderia imaginar: há alguém possuído por “espirito mau” (cf Mc 1,21-28). A primeira coisa a fazer é ordenar que os “espíritos maus” se afastem para que as pessoas tenham vida e dignidade. No Evangelho deste 5º domingo, Marcos mostra diversos passos significativos na jornada de Jesus. Saindo da Sinagoga, Jesus vai para outro “espaço sagrado”, a casa, a família, lugar do cuidado e atenção, das relações próximas e familiares. Lá se encontra uma mulher enferma. A sinagoga está “contaminada”, a “casa” está com a “mulher enferma”. Muito se poderia questionar sobre a enfermidade desta mulher, identificada como “sogra de Pedro”. “Ela estava de cama e com febre”. O que isto significa? Estaria Marcos informando simplesmente um episódio de doença e cura? Ou haveria aqui uma denúncia, ainda que um tanto “velada”, de que a sociedade patriarcal gera enfermidades nas mulheres? Ela nem sequer está na “sua casa”, mas na “casa de Pedro”. Dois gestos de Jesus rompem com as barreiras da lei de pureza e devolvem a vida: Ele “aproximou-se” da “mulher” e “levantou-a”. “Aproximar-se” de quem sofre é próprio do divino e o verbo grego “egueirô” = “levantar”, tem o sentido de “ressurreição”. Numa narrativa tão singela, grandes ensinamentos acontecem. Surpreendente é que, em seguida, a mulher “começou a servi-los”, ou seja, tornou-se discípula, pois em Marcos, o verbo “servir” é o que dá identidade o discípulo (cf Mc 15,41). Outro passo da jornada de Jesus neste “seu dia” é que, “ao cair da tarde, já depois do sol-posto, trouxeram-Lhe todos os doentes e possessos”.  Após um dia de trabalho, tanto de Jesus quanto da multidão, os pobres podem deixar seus afazeres, certamente em propriedades alheias, e saem em busca de quem lhes possa devolver a vida e a dignidade.  A “cidade inteira” está reunida diante da porta da casa de Pedro. “Jesus curou muitas pessoas que eram atormentadas por várias doenças e expulsou muitos demônios” (vv. 32-34). A multidão que se reúne “à porta” da casa de Pedro certamente representa essa humanidade que busca vida, saúde, dignidade e respeito. E Jesus atende o povo sofrido. Prosseguido em sua jornada, Jesus se retira a um lugar solitário, em oração. A oração faz parte do ministério de Jesus. Está na agenda da sua atividade e dos seus compromissos. O nosso texto termina com uma espécie de resumo, dando o sentido do ministério de Jesus: “Foi para isto que eu vim”. Vamos para outros lugares de “toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demônios” (v. 39). É isso que Jesus veio fazer e é essa a missão dos discípulos de Jesus. Também hoje, especialmente nestes tempos de pandemia, há multidões que estão à porta das “casas de Pedro”, ou seja, as nossas Igrejas, que precisam de cura, de libertação dos “espíritos maus”, de novos horizontes de esperança. Oração e novo vigor missionário é também convocação do evangelho deste domingo. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ