4º Domingo da Quaresma – 14/03

11/03/2021

“A luz veio ao mundo”Jo 3,14-21 – O evangelho do 4º domingo da Quaresma exige atitude contemplativa. Deus enviou Seu único Filho para esta terra, mesmo sabendo que seria rejeitado e morto. A luz veio ao mundo, mas muitos optaram pelas trevas. Mas o amor sem medidas de nosso Deus permanece para sempre. São aspectos do Evangelho a serem contemplados.  Mas penso em relacionar este evangelho com o grande acontecimento da visita do Papa Francisco ao Iraque. Em meio a pior pandemia por nós conhecida, viaja para um país onde o terrorismo ceifou tantas vidas. A figura do Papa Francisco junto do Aiatolá Ali al-Sistan, a principal liderança religiosa xiita do Iraque, é de um significado para além da simples compreensão humana. É cenário para ser contemplado. Um encontro histórico, sem a presença da imprensa. Nós do ocidente cristão, pouco ou nada sabemos da função e do simbolismo do Aiatolá Sistan. Certamente uma figura reverenciada pelo seu povo. O Papa Francisco, a maior liderança cristã e humana no momento atual, foi ao encontro desta outra liderança. Dois líderes de religiões distintas, por vezes opostas, dois anciãos, nos deixaram uma imagem que ficará na história. O diálogo entre ambos não contou com os holofotes dos MCS e nem com a divulgação do conteúdo. Sabe-se que foi uma mensagem anti-guerra, anti-genocídio, anti-sectarismo e anti-ocupação. Uma mensagem de fraternidade diálogo. No Evangelho, Nicodemos, um líder de posição destacada na estrutura religiosa judaica, foi procurar Jesus à noite. Membro do Sinédrio, Nicodemos será citado, mais tarde, ao defender Jesus, perante os chefes dos fariseus (cf. Jo 7,48-52). Também esteve presente quando Jesus foi descido da cruz e colocado no túmulo (cf. Jo 19,39). O encontro de Nicodemos com Jesus também foi sem holofotes e sem testemunhas. Era “de noite”. Mas este diálogo está registrado. É um dos mais longos dos Evangelhos. É também de difícil compreensão.  Deste diálogo, o que mais se conhece é a exortação de Jesus de que é preciso “nascer de novo” e Nicodemos, “mestre em Israel”, não alcança compreender o que Jesus quer lhe dizer. Nos versículos propostos para a Leitura deste 4º domingo, Jesus começa por explicar a Nicodemos que o Messias tem de “ser levantado ao alto”, assim como “Moisés levantou a serpente” no deserto. Certamente Jesus está se referindo à cruz, caminho necessário para chegar à exaltação, à glória, à vida definitiva. A cruz será o supremo ato de amor, o maior desafio à nossa fé. Deus enviou seu Filho amado, não excluindo a cruz. Jesus é o “Filho único” enviado pelo Pai à humanidade para lhe trazer a vida definitiva, para libertar do egoísmo, da escravidão, da violência, da morte, e dar-lhe a vida eterna. Não enviou seu Filho para “condenar, mas para salvar” (v.17). Diante da oferta de salvação que Deus faz, a pessoa precisa fazer uma escolha: crer e aceitar a luz que veio ao mundo, ou rejeitar e permanecer nas trevas (vv.18-19). Há uma insistência na necessidade de uma opção: pela vida, pela luz, ou pela morte, pelas trevas. O caminho a seguir para chegar à vida eterna é o de “acreditar” em Jesus, acolher a sua mensagem e seguir seus passos. Neste tempo de caminhada para a Páscoa, somos convidados a percorrer o mesmo caminho de amor total que Jesus percorreu a exemplo do Papa Francisco que, neste encontro com o povo iraquiano, fez brilhar a luz de Jesus sobre todo o mundo mergulhado nas trevas de uma pandemia, do ódio, da violência, da falta de respeito e diálogo. Que a luz de Jesus brilhe sobre nós e em nós! Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ