6º Domingo da Páscoa

05/05/2021

“Somos tão poucos, precisamos nos amar muito”- Jo 15,9-17 – A liturgia do 6º Domingo da Páscoa nos coloca no coração da boa nova de Jesus. Bastaria somente este texto para mergulharmos na profundidade de todo o mistério do amor de Deus, manifestado nos gestos e nas palavras da pessoa de Jesus. Continuamos no mesmo cenário do Evangelho do 5º domingo: em Jerusalém. A festa da Páscoa está muito próxima e a cidade está cheia de forasteiros. Jesus também está na cidade com o seu grupo de discípulos. Está numa ceia de despedida com seus amigos mais íntimos, no qual serve os seus por meio de diversos gestos e palavras. As autoridades judaicas tinham decidido eliminar Jesus (cf. Jo 11,45-57). A morte na cruz é uma probabilidade imediata e Jesus está consciente disso. Os discípulos também já perceberam que estão vivendo um momento confuso e que algo diferente deve ocorrer. O ambiente é de tensão e de medo.  Neste contexto, seria de esperar que Jesus desse as devidas orientações de como se defenderem das perseguições, que estratégias usar para não serem mortos. Não seria de fugir da cidade o mais rápido possível, ou se confinarem em algum esconderijo? O natural de qualquer ser humano seria o de defender a vida. Mas nada disso acontece. Diante do perigo e da eminência da morte, Jesus fala ao coração de seus poucos discípulos, um pequeno grupo de pessoas, a quem chama de “amigos”. Deixa a eles com que o seu “testamento”, a sua última vontade, a sua “herança”. Seus amigos recebem como herança sua proposta de vida e de missão. O importante é permanecer unidos a Ele e fazer o que mandou.  “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Permanecei no meu amor. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros”. Como dizia um padre em tempos bem difíceis: ”Somos tão poucos, precisamos nos amar muito”. E Jesus diz aos seus discípulos: “Vocês são meus amigos, precisam permanecer muito unidos”.  Estamos vivendo tempos muito difíceis. Também “somos poucos e precisamos nos amar muito”. São tempos de confinamento e de solidão, com a morte rondando por todos os lados, onde muitas famílias nem sequer conseguem se reunir para despedidas. Muitos de nós experimentamos a vontade de fugir, de nos esconder, de abandonar tudo. Jesus nos reúne e confirma seu “testamento”: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos”. Permanecei no meu amor. “O que vos mando é que vos ameis uns aos outros”. Como dizia o sacerdote em tempos idos: ”Somos tão poucos, precisamos nos amar muito”. E vivemos a certeza de que não estamos sozinhos, que o próprio Jesus caminha conosco, dando-nos coragem e esperança. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ