3º Domingo do Tempo Pascal
“Tu sabes que eu te amo” – Jo 21,1-19 – O clima da Liturgia pós pascal é sempre o da ressurreição de Jesus e a experiência do encontro com os discípulos. A primeira leitura, do Livro dos Atos, mostra a ousadia dos discípulos em continuar anunciando a grande notícia, mesmo com as autoridades judaicas proibindo qualquer manifestação. Ninguém consegue calá-los. A segunda leitura, do livro do Apocalipse, em linguagem simbólica, proclama a vitória do Cordeiro Imolado. O Evangelho é um relato que exige especial atenção. Pelo que tudo indica, o capítulo 21 é um apêndice, um acréscimo feito posteriormente ao Evangelho de João, pois apresenta significativas diferenças de linguagem, de estilo e até mesmo de teologia. Além do mais, o capítulo 20, no fim, traz uma conclusão do 4º evangelho, no qual se encerra o Evangelho original de João. O relato que segue, não deve ser lido como crônica de um fato ocorrido. Trata-se de uma catequese sobre a missão da Igreja, um relato teológico. Segundo os estudiosos, a primeira parte (vv.1-14) é uma parábola sobre a missão da comunidade. Utiliza a linguagem simbólica e aponta para uma realidade que vai muito além do que está escrito. Cita cinco discípulos identificados pelo nome, mais dois, que não são nomeados. São sete, número simbólico que representa a totalidade. É assim toda a comunidade empenhada na missão. Todos estão envolvidos na pesca, todos convocado para a missão: “farei de vós pescadores de homens”. O “mar”, na cultura judaica, representa as forças do mal, da opressão. Esse precisa ser transformado. Pedro toma a iniciativa de ir pescar, pois é ele que deve presidir a missão. A pesca é feita durante a noite, tempo das trevas, da escuridão: significa a ausência de Jesus. Pescando inutilmente a noite toda, grupo está desorientado e decepcionado pelo fracasso. Nada tem para comer. Ao amanhecer, Jesus aparece. Agora há luz. O discípulo amado logo reconhece a presença de Jesus, que se antecipara e já tinha pão e peixe assados, sinal do amor e do serviço. Certamente temos aqui uma alusão à Eucaristia. Segue-se uma pesca abundante. O número de peixes, 153, é de difícil explicação.. Certamente é um número simbólico na cultura grega, em sentido de totalidade. A missão alcança o mundo inteiro. O relato traz, a seguir, um diálogo entre Pedro e Jesus, que pergunta por três vezes: “Simão, filho de João, tu me amas?” É provável que a pergunta esteja relacionada com a missão que Jesus pretende atribuir a Pedro. Este, no relato da Paixão, negou Jesus por três vezes. Não estava preparado para a uma entrega total, para a missão de ser “pedra”. Isto ocorreu diversas vezes ao longo do caminho. Agora há três perguntas e a resposta é de entrega e afirmação do seu amor. Quem ama está capacitado para a missão de “apascentar as ovelhas”. Está pronto para cuidar, servir, alimentar, comunicar vida e, talvez, até dar a vida pelos seus irmãos. Nessa maravilhosa conversa entre Jesus e Pedro, fica bem clara uma ideia essencial: a grandeza da fé depende de conhecimento de doutrina, de aceitação de dogmas, de rituais litúrgicos, de cumprimento das leis canônicas, mas sim de amor a Jesus. Oxalá os Cardeais, no próximo Conclave, se orientem por este critério oferecido pelo Evangelho deste dia. Quem ama está capacitado para ser o novo Papa, assim como foi o saudoso Papa Francisco. Também está preparado para liderança em qualquer Instituição. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ