4º Domingo do Tempo Pascal

08/05/2025

As minhas ovelhas escutam a minha voz”- Jo 10, 27-30 – O quarto Domingo da Páscoa é o “Domingo do Bom Pastor”. Anualmente, neste domingo, somos convidados a ler parte do capítulo 10 do Evangelho de João, que apresenta Jesus como “Bom Pastor”. A primeira leitura da Liturgia de hoje é do livro dos Atos dos Apóstolos e a segunda, do livro do Apocalipse. Ambas as leituras tratam do “tempo da Igreja”, no qual se celebra a vitória de Jesus sobre a morte e a possibilidade de vida nova para as ovelhas que seguem o Cordeiro, o Bom Pastor. O Evangelho deste dia é breve, uma pequena parte do grande discurso de Jesus sobre a missão de pastorear. O cenário é o Templo de Jerusalém. no contexto da “festa da Dedicação do Templo”. Esta festa celebrava a “purificação do Templo”, após as diversas profanações ocorridas ao longo de sua história mais recente. Era uma festa muito popular, que durava oito dias. Reunia muita gente e as lideranças não perdiam a oportunidade de seduzir o povo contra Jesus. Nesta festa acendiam-se as luzes do candelabro de oito braços. Era a festa das luzes. O ambiente era muito festivo, mas a relação entre Jesus e os líderes judaicos era sempre mais tenso. Questionam Jesus sobre sua messianidade e querem saber quando Ele vai finalmente dizer quem ele é e para que veio. No contexto literário imediatamente anterior,  temos a cura do cego de nascença e sua expulsão da sinagoga (cf Jo 9,1-41). O relato da cura do cego é um retrato da tensão existente entre a proposta de Jesus e a rejeição das lideranças judaicas. O discurso de Jesus sobre o “Bom Pastor” (Jo 10) precisa ser lido neste contexto. A imagem do “Bom Pastor” não é original no Evangelho. O Antigo Testamento, tanto em Salmos quanto em profecias temos a figura do pastor como metáfora do papel das lideranças. Ezequiel 34 traz a descrição do bom e do mau pastor. O profeta constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, maus “pastores”. Eram “ladrões e salteadores’, que conduziram o Povo por caminhos de sofrimento, de injustiça e de morte. Jesus se apresenta como aquele que conduzirá seu povo para a vida. Ele é o “bom pastor”; tem uma relação muito íntima com seu rebanho: “As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas Me seguem”. “Escutar” não significa apenas “ouvir com os ouvidos’, mas é acolher a proposta de Jesus e guardar no coração. “Seguir” é assumir o estilo de vida de Jesus, tornar-se discípulo, deixar-se guiar por Jesus, ir atrás d’Ele no caminho do amor e do dom da vida. O verbo “conhecer” indica proximidade, intimidade, familiaridade, comunhão de vida e de destino. A relação entre o pastor e as ovelhas é de plena confiança:  “Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer”. Mesmo que os líderes judaicos não reconheçam Jesus como o seu Pastor, Jesus vai continuar cuidando das suas ovelhas, de todos aqueles escutam sua voz, que o seguem e o amam. Foi a missão que Ele recebeu do Pai. “Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai”. Nenhum poder do mundo poderá impedir Jesus de concretizar o projeto do Pai para com as “ovelhas que escutam sua voz”. Uma mensagem muito oportuna para estes dias de escolha de um novo Papa, o maior pastor de toda a Igreja. Que ele consiga ser o bom pastor e que as ovelhas ouçam bem a sua voz. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ