5º Domingo do Tempo Pascal

15/05/2025

 “Conhecerão que sois meus discípulos” – Jo 13, 31-33a.34-35 – A liturgia desse domingo nos mostra que o amor fraterno é a identidade dos seguidores de Jesus. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. É “nisto”, no amor fraterno que se identifica o discípulo. O “vede como eles se amam” era a grande atração na Igreja primitiva. Não era a piedade pessoal, nem a multiplicação de boas ações, nem o fiel cumprimento da Lei. Seguidor de Jesus é quem ama o outro. A liturgia de hoje também traz, como primeira leitura, um relato do livro dos Atos dos Apóstolos, que trata da ação missionária de Paulo e Barnabé. A Igreja nasce como “Igreja em saída”, feliz expressão do saudoso Papa Francisco. A segunda leitura, mais uma vez, é do livro do Apocalipse. Não mais visões de catástrofes, mas a plena realização da utopia do Reino: “vi um novo céu e uma nova terra”. As forças exploradoras já não existem mais, e Ele enxugará as lágrimas. É mesmo um tempo novo. Voltando ao Evangelho, temos como cenário Jerusalém, um dia antes da celebração da Páscoa judaica. Jesus está à mesa com os seus discípulos, numa ceia de despedida. Pode parecer estranho que, no tempo pascal, no 5º domingo, tenhamos o relato da última ceia, com gestos e palavras de uma despedida dramática. Sobre todos paira a sombra da cruz. Jesus está plenamente consciente de que seus próximos passos serão acompanhados pela traição, pelo insulto, pela flagelação, pela negação, pela coroa de espinhos. O ambiente dramático da ceia é agravado ainda mais pela presença do discípulo traidor. Depois de Judas ter feito a sua opção e de ter saído para executar seus planos, tudo  ficou claro e decidido. Consciente do que irá acontecer, Jesus tem uma longa conversa com os discípulos. É um “testamento”, uma pérola preciosa do Evangelho. Inicia dizendo que chegou a hora da “glorificação”. Como compreender que a hora da cruz seja a hora da glorificação  de Jesus? O grande mistério da cruz é que a morte por crucificação não é uma derrota, mas é a “hora” da manifestação da sua glória de Jesus e do Pai. A glória de Jesus é sua entrega plena ao Pai pela salvação da humanidade. E o Pai é glorificado pela ressurreição de seu filho Jesus. A lógica de Deus é muito estranha para nossa lógica. Não se manifesta no triunfo, no engrandecimento, mas na humilhação de uma vida doada até a última gota de sangue. A “glória” de Deus é o seu amor pela humanidade. Depois de dizer que chegou a hora da “glorificação”, Jesus alerta seus discípulos sobre o seu fim próximo. E então pronuncia seu “Testamento”, a sua herança. “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. O amor dos discípulos entre si é luz para o mundo. Eles não se fixam em doutrinas, normas, ritos ou leis canônicas. Amam a Jesus e o seguem.  Amam “como Jesus amou”, partilham sua vida por amor, são sinal vivo de um Deus que ama todos os seus filhos. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos” Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ