12º Domingo do Tempo Comum
“Jesus orava” – Lc 9,18-24 – Voltamos neste domingo à Liturgia do Tempo Comum, do Ano C, após um rico período no qual celebramos o mistério da morte e ressurreição de Jesus, sua Ascensão e a festa da grande manifestação do Espírito Santo. Numa espécie de coroamento de toda estas revelações, tivemos a Solenidade da Ssma Trindade. Entramos agora neste bonito tempo litúrgico no qual a Igreja nos convida a mergulhar no mistério de Jesus, sua vida e missão. Não se trata de buscar maior conhecimento da figura histórica de Jesus, de repetir seus ditos e ensinamentos como doutrina a ser observada, mas de contemplar o mistério de Jesus, tornar-nos seus discípulos, suas discípulas, assumindo a missão a nós confiada. Na primeira Leitura temos o profeta Zacarias anunciando que Deus vai derramar, sobre a casa de David e sobre os habitantes de Jerusalém, “um espírito de piedade e de súplica”. Um modo de ser que se manifesta plenamente em Jesus. Na segunda leitura Paulo convida os cristãos da Galácia a “revestirem-se” de Cristo, ou seja, assumir o modo de ser e agir de Jesus. O Evangelho nos apresenta um episódio comum aos três evangelhos sinóticos, com algumas diferenças entre si: trata-se do famoso questionamento sobre quem é Jesus para os discípulos. Em Lucas temos uma informação ausente nos demais evangelhos. O relato inicia dizendo que “um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos”. Mateus e Marcos situam o episódio em Cesareia de Filipe, sem notificar a oração. Lucas não se preocupa em indicar o lugar geográfico onde se deu este diálogo entre Jesus e os discípulos. Diz apenas que Jesus tinha ido orar e que os discípulos estavam com Ele. Trata-se de uma indicação importante, pois Lucas, com frequência, apresenta Jesus em oração antes de acontecimentos decisivos de sua vida e missão. A oração é experiência do encontro de Jesus com o Pai. Jesus estava em oração e os discípulos estavam com ele. Independente do que segue, trata-se de um acontecimento importante que Lucas vai narrar. Uma mensagem que vem do Pai e que Jesus vai comunicar aos seus discípulos. O diálogo que segue é de suma importância para a revelação de Jesus, seu mistério e sua proposta. Se bem observarmos, o diálogo tem três momentos. Inicia com a questão sobre “quem é Jesus”. Opiniões teóricas, superficiais, não alcançam sua identidade, seu mistério. A resposta é pessoal e comprometedora, o que se expressa num segundo momento: a paixão e morte em Jerusalém, que é completada num terceiro momento: as condições que os discípulos devem assumir para seguirem Jesus. “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me”. Os discípulos tinham ideias equivocadas sobre a pessoa e a missão de Jesus. Pedro que havia dado uma resposta teoricamente certa, não alcança a extensão do seu significado. Tem na mente um Messias glorioso e Jesus convida-os a entender que oferecer a vida por amor não é perdê-la, mas é ganhá-la. Quem é capaz de dar a vida a Deus e aos irmãos ganhou a Vida eterna, a Vida verdadeira que Deus oferece a quem caminha acordo com as suas propostas. Um projeto de vida só possível pelo caminho da oração. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ