Dedicação da Basílica do Latrão
Jesus falava do Templo do seu corpo – Jo 2, 13-22 – Em todo o mundo, os católicos celebram, no dia nove de Novembro, a Dedicação da Catedral São João de Latrão, em Roma, a Igreja sede do Papa, como a sua igreja, a raiz da comunhão de um canto a outro da terra. Não estamos celebrando um Templo de pedras, mas a desafiante revelação de um Deus que escolhe morar no corpo humano de seu Filho. O centro da boa nova de Jesus é identificar onde a presença de Deus é mais forte: não o edifício de pedras, mas o espaço vivo de um corpo carne. Dada a importância da Igreja de Latrão e seu significado, a Festa da sua Dedicação substitui a Liturgia própria do 32º domingo do Tempo Comum. A primeira leitura, do livro do Profeta Ezequiel, escrito em linguagem simbólica, descreve o Templo como lugar da manifestação da glória de Javé. Utilizando o simbolismo da água, sugere que a presença de Deus em seu santuário, faz brotar vida em abundância: Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move viverá”. No quarto Evangelho esta figura é atualizada na imagem do lado aberto de Cristo, de onde brota a fonte de água que jorra para a vida eterna. Na segunda Leitura, na primeira Carta aos Coríntios, Paulo insiste: Vós sois o edifício de Deus, um edifício cujo alicerce é o próprio Jesus. O Evangelho deste dia tem como cenário o Templo de Jerusalém, no qual Jesus segura um chicote na mão, gesto que indica profecia em ação. O relato inicia dizendo que “estava próxima a festa da Páscoa dos Judeus e Jesus subiu a Jerusalém”. Ele se opõe à lógica do mercado, onde tudo visa o lucro, inclusive a relação com Deus. Sendo a festa da Páscoa, festa da memória do Êxodo, seria a festa da comunhão, da solidariedade, da liberdade. Mas o que Jesus encontra no Templo é a “casa de oração transformada em covil de ladrões”. O episódio da expulsão dos vendilhões do Templo está também nos Evangelhos Sinóticos, mas é narrado na Páscoa última semana de Jesus em Jerusalém. Em João, o episódio ocorre também na Páscoa, mas na primeira Páscoa em que Jesus vai para Jerusalém. Expulsa os animais, os cambistas e mercadores. Tinham transformado o local de adoração, em mercado e exploração. Era preciso resgatar o sentido originário da Páscoa. João nos ensina a substituir a teologia do templo de pedra pela teologia do templo de carne. Jesus é o novo templo. E nós, seus filhos, somos a morada de Deus no mundo. A festa da Dedicação da Basílica de Latrão é uma boa ocasião para revermos nossas posturas em relação ao Templo material e nossa capacidade de contemplar o Novo Templo, o Corpo de Jesus, o corpo da humanidade, de cujo lado jorram rios de água viva, rios de misericórdia. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ