Domingo da Ascensão do Senhor

26/05/2022

O fim de um caminho – Lc 24,46-53 – Celebramos neste domingo a Solenidade da Ascensão do Senhor, o fim de um caminho percorrido na missão de revelar o projeto de Deus, vivido no amor e na doação. O Evangelho apresenta-nos as palavras de despedida de Jesus que definem a continuidade da missão dos discípulos no mundo. Faz também referência à alegria dos discípulos que experimentam a presença do projeto salvador de Deus no mundo e reconhecem que Ascensão deu novo sentido à vida de seguimento de Jesus.

            Do ponto de vista literário, o ambiente deste acontecimento é o dia da Páscoa, conforme o Evangelho de Lucas. Jesus se manifestara aos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35) e aos onze, reunidos no cenáculo (cf. Lc 24,36-43). Segue então o relato as últimas instruções de Jesus (cf. Lc 24,44-49) e da ascensão (cf. Lc 24,50-53).

            Diferente de Atos, o evangelho coloca a ressurreição, as aparições e a ascensão de Jesus no mesmo dia da Páscoa. O sentido não é histórico, mas teológico, pois revela que a morte e a ressurreição é o coroamento do caminho de salvação percorrido por Jesus, cuja plenitude ocorre no  Seu retorno ao Pai.

O texto do Evangelho do dia está dividido em duas partes: a despedida dos discípulos (vv. 46-49) e a ascensão (vv. 50-53). Na despedida, Jesus declara que os discípulos são testemunhas e os envia a pregar a “conversão”, ou seja, a transformação radical da vida, da mentalidade, dos valores, e o “perdão dos pecados”. Trata-se de uma convocação para deixar o egoísmo, o orgulho, a “zona de conforto”, a auto-suficiência, a autorreferencialidade e iniciar uma vida de “gente nova”. Para esta difícil tarefa, os discípulos contam com a ajuda do Espírito Santo, que o Pai vai enviar.

Assim deverão permanecer na cidade, em vigília. E Jesus os conduz a Betânia, “ergue as mãos e os abençoa”. Certamente não se trata de uma reportagem histórica, mas de uma proposta de vida. Betânia é um nome carregado de simbolismos. Entre outros significados, trata-se da “casa da comunidade”, espaço do encontro, do amor, da vida e do discipulado. É em Betânia que encontramos Lázaro redivivo, Marta na diaconia e Maria no discipulado ouvindo a Palavra. Agora é em Betânia que Jesus “abençoa” seus discípulos, ou seja, concede-lhes o “bem divido”,  o “shalom”, a plenitude da graça, pois Betânia é símbolo da plenitude alcançada. Então Jesus vai se retirando e deixando a missão para aqueles que fizeram a experiência do amor, do convívio, do discipulado e conseguiram chegar até “Betânia”.

A festa da Ascensão do Senhor é a festa da esperança. Esta esperança permite-nos enfrentar o medo, o egoísmo, a violência, o ódio, as guerras as doenças, a velhice e permite-nos olhar com serenidade para o futuro novo que nos espera. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ