Saboreando a Palavra

28/08/2018

Ser portador de bênção – Lc 24,46-53 – Celebramos, neste domingo, a Festa da “Ascenção do Senhor”. Mais do que refletirmos sobre o sentido litúrgico-teológico desta celebração, olhemos para o gesto de Jesus ao ir se distanciando dos seus discípulos. De acordo com o relato, no caso, exclusivo de Lucas, Jesus volta para seu Pai “abençoando” seus discípulos. Na hora final de sua presença visível na terra, repetiu o gesto que tantas vezes fez em sua missão: abençoou! Abençoou as crianças, as pessoas excluídas, as amaldiçoadas pelo sistema religioso de então. Jesus não só abençoava, mas se fez fonte de bênção, portador da bênção do Pai. A bênção do Pai passava pela pessoa de Jesus. Em Gn 12,3 lemos que Abraão será fonte de “bênção para todas as nações da terra”. Outras lideranças o povo sempre foram destinadas a serem sinais da bênção divina para o povo e quando não o eram, eram repreendidos pelos profetas. Abençoar, ser fonte e portador de bênção é o que mais as pessoas hoje precisam. A Igreja existe para ser fonte de bênção. Cada cristão batizado é chamado a ser portador da bênção divina. Para o judaísmo, o islamismo e o cristianismo, abençoar é um gesto muito significativo. Abençoar é, antes de mais nada, bendizer, dizer bem, desejar o bem às pessoas. Querer o bem, a paz, o shalom, a saúde, a alegria, tudo o que possa ajudar a pessoa a viver com dignidade. Quanto mais desejamos o bem para os outros, mais o bem se manifestará. Mas também ocorre o inverso: quanto mais desejamos o mal para os outros, mais ele se difunde, se multiplica, gera desgraça. Abençoar é viver a partir de uma atitude de compaixão, de sentimentos de bondade, de dignidade. Quem abençoa, esvazia seu coração de agressividade, de medo, hostilidade, indiferença. Não é possível abençoar e, ao mesmo tempo, viver condenando, rejeitando, maldizendo. Quem abençoa, deseja e pede a presença bondosa do Criador, fonte de todo bem. Assim se pode compreender o belo gesto das crianças que pedem a bênção aos pais e estes dizem: “Que Deus te abençoe”. A bênção faz bem a quem recebe e a quem a deseja. Recusar a dar a bênção, em certas regiões, é o mesmo que amaldiçoar. Para ilustrar esta afirmação: aconteceu com um sacerdote estrangeiro, recém chegado, que ainda não sabia português. Uma criança lhe pediu a bênção, como era costume naquela região: “Bênção Padre”. Ele nada respondeu, pois não entendeu o que a criança dizia. A criança saiu desesperada em busca da mãe e repetia: “o padre não me deu a bênção”. Nós, seguidores de Jesus, somos destinados a sermos portadores e testemunhas da bênção do Pai, herança deixada à humanidade. É o que de melhor podemos fazer. A festa da Ascensão do Senhor é a festa da bênção final de Jesus. E agora não basta ficarmos olhando para céu. É hora de sermos portadores da bênção para a vida do mundo. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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