Saboreando a Palavra
“Pedras de alicerce” – Mt 16,13-19 – Festa de São Pedro e São Paulo! Duas colunas da Igreja e duas pedras de alicerce. Pelo menos Pedro é identificado como tal por Jesus no Evangelho de Mateus. Há dois domingos atrás líamos a narrativa das interrogações de Jesus sobre as opiniões a seu respeito, na versão de Lucas, que iniciava dizendo que Jesus estava rezando. Em Mateus Ele se encontra na região de Cesareia de Filipe, uma cidade edificada na base da serra de Hermon, numa pitoresca posição, habitada por pessoa de mais posses, ou lugar de veraneio das elites de Jerusalém, segundo alguns estudiosos. Foi chamada de Cesareia em honra do imperador. Trata-se de uma região de oposição à pessoa de Jesus, à sua ação e pregação sobre Reino de Deus. É neste contexto de conflito que Jesus pergunta aos seus discípulos: “quem dizem ser o ‘Filho do Homem’. A primeira pergunta não é “quem dizem que eu sou”, mas quem dizem ser “Filho do Homem”, um título pelo qual Jesus se autodenomina, segundo os evangelistas. A resposta a esta pergunta é fácil de ser encontrada. É só ouvir o que o povo fala. Então Jesus faz a pergunta crucial: “e vocês quem dizem que eu sou”? Agora não servem mais respostas doutrinárias, informações genéricas, catecismo decorado. A resposta precisa vir daquele recanto onde se coloca o coração em cada palavra. Precisa brotar da experiência, da convicção profunda, da intimidade relacional. No grupo dos discípulos é Pedro quem se antecipa e responde: “Tu és O Messias, o Filho do Deus vivo”. Uma resposta correta e coerente com as Escrituras e com o que Jesus fazia e dizia. Pedro recebe um reconhecimento especial por proclamar, com firmeza, a identidade e a missão de Jesus. Mas em seguida se verá que seu entendimento não estava adequado (v.23), sua visão de messias estava equivocada, seu seguimento estava comprometido. Mas a teologia presente no Evangelho é clara: a convicção e a fé professadas na resposta de Pedro serão a pedra sobre a qual toda comunidade terá que ser construída. Não há como edificar comunidades cristãs sem estar alicerçada sobre o Cristo, o Filho do Deus vivo. Nosso Deus é um Deus vivo, não é um ídolo, e é o Cristo, o Messias, o Crucificado. Assim, mais do que um privilégio, Pedro e toda a Igreja está sendo convocada a manter-se fiel a si mesmo e à sua confissão de fé que Pedro acabara de fazer. Pedro, e nele toda a Igreja, é chamada a crer no Messias Crucificado, a agir como ele agiu, a não desviar do caminho de Jesus, a manter-se no caminho messiânico do servo sofredor. Então sim, tudo o que for ligado na terra, será ligado no céu, pois a vontade do Pai do céu está sendo realizada na terra. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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