Saboreando a Palavra

28/08/2018

”Cuida dele” – Lc 10,29-37 – Neste 15º Domingo do TC, a liturgia nos brinda com uma das mais fortes parábolas sobre a Misericórdia. Trata-se de um texto muito lido na Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, cujo carisma é a Misericórdia. Um doutor da Lei pergunta a Jesus sobre o mandamento maior e a narrativa deixa claro que a vivência do amor, a prática da misericórdia não é algo abstrato, teórico, mas se traduz em práticas bem concretas. Antes de procurar um próximo para amar, importa tornar-nos próximos através da misericórdia, do amor solidário (Lc 10,29.36-37). Depois de lembrar que a segunda parte do grande mandamento é “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Cf. Lc 10,27), o escriba volta com outra pergunta: “E quem é meu próximo”? (Lc 10,29). Ele pretende colocar limites, fronteiras para o amor, isto é, escolher quem amar. Então Jesus conta uma parábola e, no final, novamente devolve a pergunta ao doutor da lei. “Quem foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos assaltantes”? Conhecemos o relato do homem que foi assaltado no caminho de Jerusalém para Jericó e ficou caído semimorto. O sacerdote e o levita, pessoas relacionadas ao culto, ao templo, à religião, ao se depararem com uma pessoa assaltada e ferida gravemente, observam-na e seguem adiante, passando pelo outro lado do caminho (Lc 10,31-32). Chega, então, um samaritano que estava de viagem. Samaritano é quem vivia na Samaria, que ficava entre a Galiléia e a Judéia. O desprezo dos judeus pelos samaritanos é antigo e se deve a razões políticas, étnicas e religiosas. Os judeus consideravam-se mais fiéis a Deus do que os samaritanos, a quem acusavam de idólatras e impuros. Ao agir dessa forma, o sacerdote e o levita pretendiam garantir sua proximidade com Deus, pois eram funcionários no templo. Preocupavam-se com sua pureza ritual, conforme exigia a lei e a tradição, em função dos serviços do culto e dos sacrifícios, embora estivessem saindo de Jerusalém e não indo para o templo. O samaritano, ao contrário, nem no templo dos judeus podia entrar. Na narrativa, ao ver o necessitado, nada o impediu de agir. Nem sequer perguntou quem era a vítima, nem buscou verificar se os assaltantes ainda estavam por perto. Ao contrário, moveu-se logo de compaixão e pôs-se em ação: fez tudo o que o ferido precisava, não descuidou de nada, fez plantão naquela noite na hospedaria e, no dia seguinte ainda pediu ao hospedeiro: “Cuida dele”. Concluindo a parábola, em resposta às questões teóricas do doutor da Lei, Jesus colocou justamente este samaritano como exemplo de quem se torna próximo, (Lc 10,33-34), de quem vive o mandamento maior, de quem vive a misericórdia. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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