Saboreando a Palavra
“Senhor, ensina-nos a rezar” – Lc 11,1-13 – Estamos lendo, refletindo e rezando o Evangelho de Lucas nos domingos deste ano e, como já vimos por diversas vezes, Lucas destaca Jesus em oração. O texto deste domingo constitui o coração da vida orante de Jesus segundo Lucas. Jesus estava em oração, como tantas vezes se afirma no 3º evangelho. Em outras narrativas, porém, não se destaca que os discípulos observassem esta vida orante de Jesus. O texto inicia dizendo que “Jesus estava rezando em certo lugar” (v 1). Não há informações sobre o lugar e nem por quanto tempo Jesus rezou. Pelo contexto literário, Jesus não está nem no templo e nem na sinagoga, lugares tradicionais de oração de um bom judeu. Está em “certo lugar”. Qualquer lugar é lugar para estar em diálogo com Deus. A narrativa evangélica prossegue dizendo: “quando terminou, um de seus discípulos lhe pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar”! O texto continua dizendo: “assim como João ensinou aos discípulos dele”. Não sabemos se os discípulos estavam admirados pelo modo de Jesus rezar ou se apenas queriam ter seu “manual de orações” como outros grupos, uma fórmula a ser memorizada e mecanicamente repetida, como quase sempre também fazemos. Jesus então propõe um diálogo de filho com o Pai, uma oração que Mateus e Lucas registraram e que chegou a nós com algumas diferenças. Olhar para as diferenças talvez nos ajude a não repetir mecanicamente este diálogo, rezar o Pai Nosso distraidamente. A oração do Pai Nosso é a síntese da mais perfeita relação do filho com o Pai. O Pai Nosso é uma oração que revela uma relação de proximidade, confiança, intimidade, liberdade, leveza, uma relação sem traumas ou temores, uma relação que leva o filho a filha a falar com orgulho de seu pai onde quer que se encontre. É a oração das orações. Depois de ensinar o Pai-Nosso, para ilustrar o quanto se pode confiar no Pai com quem se dialoga, Jesus conta duas parábolas um tanto intrigantes, mas que confirma seu ensinamento sobre a oração: a parábola do “vizinho chato” (11,5-8) e a do pai que doa coisas boas aos filhos (11,9-13). A do “vizinho chato” nos recorda que a oração não é uma ação para momentos apenas, mas é uma atitude permanente diante de Deus. A do pai que doa coisas boas aos filhos, nos convida a colocar-nos em estado permanente de confiança diante de Deus, pois o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem. Então nos resta hoje pedir de todo o coração: ”Senhor, ensina-nos a rezar verdadeiramente”! Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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