Saboreando a Palavra
“Viver vigilantes” – Mt 24,37-44 – Neste primeiro Domingo do novo Ano Litúrgico, tempo do Advento, tempo de preparação para o Natal, o evangelho de Mateus, chamado ”Discurso Apocalíptico”, que se inicia em Mt 24,1 e termina em Mt 25,46, trata fundamentalmente das questões relacionadas ao fim da vida de cada pessoa e da própria história. Neste discurso, ele descarta qualquer marcação da data, afirmando num versículo anterior ”quanto a esse dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe” (v. 36). Jesus enfatiza a atitude de vida que deve marcar os seus seguidores sempre, e não somente quando acham que o fim do mundo se aproxima. Mateus coloca na boca de Jesus exortações fundamentais sobre este fim: “vigiai”, “estai alertas”, ‘vivei despertos”. Vigiar é uma atitude de plena atenção, é atitude de sentinela. O sentinela sabe em que ponto está a noite (cf Is 21,11). Sabe quanto falta ainda para amanhecer, porque sua atenção é plena, observa o percurso das estrelas do céu, o cantar do galo da madrugada, o movimentar dos insetos da noite. O evangelho alerta para a realidade da indiferença, da distração, “como nos tempos de Noé”. Comiam, bebiam, banqueteavam-se e o clamor dos pobres não lhes chegava nem à porta. Um perigo permanente: o de viver anestesiados aos valores do Evangelho, ao apelo de uma Igreja pobre, à indiferença diante da realidade das pessoas refugiadas e traficadas, ao grito que vem de todas as periferias sociais, geográficas, existenciais. O discurso de Jesus visa despertar, sacudir os seus seguidores. Fala de forma impactante: “Quando vier o Filho do Homem”… e descreve uma série de rupturas que deverão ocorrer. Certamente é uma forma catequética para acordar os seus: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia em que chegará o Senhor”. Despertai, sacudi-vos da indiferença, de vossa vida distraída, saí desta inércia, não sois “nem frios nem quentes”. É preciso viver em estado de alerta, de plena atenção, de prontidão. Como os primeiros discípulos que “imediatamente” deixaram tudo para seguir Jesus. Então estaremos sempre prontos para a chegada do Senhor, pois ele vem cada dia na vida de cada pessoa. Que ele nos encontre comprometidos/as na construção da História como ele “sonhou” e com os critérios que ele usou: amor aos mais pequenos, compaixão pelos que mais sofrem, cuidado dos mais descuidados. Esta é a grande convocação do Advento no atual momento histórico da Igreja e das nações nas quais vivemos. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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