Saboreando a Palavra
“Uma voz que nos transfigura” – Mt 17, 1-9 – Mateus, no seu relato da Transfiguração, transmite algo que pode nos ajudar a conhecer Jesus de uma “outra” maneira. Para isto usa imagens e expressões como: “alta montanha”, “seu rosto brilhou como sol”, “suas vestes ficaram brancas como a luz”, “Moisés e Elias, conversando com Jesus”, “uma nuvem luminosa os cobriu”, uma “voz”, saindo da nuvem… Tudo isto para revelar a verdadeira identidade d’Ele: “Este é meu Filho amado, escutai-o”. São expressões vigorosas que comunicam emoção, exultação, encantamento frente ao mistério. No Evangelho de hoje Jesus toma seus discípulos mais íntimos e os leva a uma “montanha alta”. Não é a montanha à qual o tentador o tinha levado, mas sim aquela onde os discípulos vão poder descobrir o caminho que leva à glória e à ressurreição. O rosto de Jesus “resplandece como o sol” e manifesta em que consiste sua verdadeira glória. Ela não provém do diabo, mas de Deus, seu Pai. Jesus aparece com Moisés e Elias, que não tem o rosto resplandecente, mas apagado. Eles conversam com Jesus, estão subordinados a Ele. A lei e os profetas, representados nas figuras de Moises e Elias, estão orientadas para Jesus. Mas Pedro ainda não percebeu isto e quer fazer três tendas, colocando assim Jesus no mesmo plano dos dois. A voz do Pai revela a verdadeira identidade de Jesus: “Este é meu Filho amado. Escutai-o”. Jesus é o único legislador, mestre e profeta. Não deve ser confundido com ninguém. Os discípulos “caem cheios de espanto”. Também nós temos medo de escutar só a Jesus. Buscamos escutar tantas outras vozes… Jesus convida-os ao seguimento humilde de serviço ao Reino até a cruz e anima-os em seus temores: “aproxima-se” deles, “toca-os”, e diz: “Levantai-vos, não tenhais medo”. Ao descerem do monte, ordena: “Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos”. De fato não é hora ainda de anunciar a Boa Nova de Jesus, pois ainda não compreenderam a radicalidade desta Boa nova. Só depois da morte de Jesus os discípulos estarão maduros para anunciarem o verdadeiro Messias, o Servo de Javé, o Filho amado do Pai. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ