Saboreando a Palavra
“Eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus vivo, que devia vir a este mundo” – Jo 11,1-45 – Os relatos evangélicos do 3º, 4º e 5º domingo da Quaresma do Ano A, tomados do evangelista João, apresentam Jesus como “fonte de água viva” (samaritana), “luz do “ (cego de nascença) e “vida” (ressurreição de Lázaro). O relato da ressurreição de Lázaro é uma catequese sobre o encontro com Aquele que é Vida e que é fonte de vida. Para o evangelista João, a “vida” é tema central do Evangelho: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (10,10). Neste 5º Domingo da Quaresma Jesus se apresenta como o “Senhor da vida” (Jo 11,1-45). Mandaram dizer a Jesus: ”Lázaro está doente…” Jesus parece não se preocupar e afirma: ”Essa doença é para a glória de Deus… Ele está dormindo” e fica mais dois dias sem ir ao encontro de Lázaro. Quando Jesus chega à Betânia, aldeia da Judeia, Lázaro já havia falecido há quatro dias. Marta vai ao seu encontro e se dá um diálogo dos mais humanos e comoventes: “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido”. Sim, a ausência do Senhor gera a morte do irmão. No encontro com Marta, Jesus se comove e chora… Nenhum relato evangélico apresenta Jesus tão humano, tão frágil, tão sensível como neste episódio. Não oculta seu afeto pelos três irmãos de Betânia. Jesus afirma: ”Eu Sou a ressurreição e a vida. Aquele que crer, ainda que estiver morto viverá… ”Você crê nisso”? Marta professa sua fé: ”Sim, eu creio”, que tu és o Cristo…” – “Lázaro”, neste relato, certamente representa a humanidade ferida, com dimensões de sua vida necrosadas, amarradas, presas nos sepulcros, mas muito amada. Olhemos mais de perto a catequese do relato deste Evangelho que leva a comunidade de Betânia ao encontro da vida. O primeiro passo é remover a pedra. Quem jaz atrás da pedra está fechado a qualquer tipo de relação. Quando a pedra é removida, Jesus reza ao Pai e grita: “Lázaro, vem para fora!”. Chama seu amigo, e suas palavras de amizade e amor ressoam dentro da sepultura para levantá-lo, despertá-lo e insistir para sair por seus próprios pés. “Ele tinha as mãos e os pés amarrados com faixas e um pano em volta do rosto”. Ainda não está livre; está preso pelas faixas. Diante do túmulo, Jesus mobiliza a todos. Para ressuscitar Lázaro, pede a uns que afastem a pedra, a outros que estendam as mãos e desatem as faixas, a outros que o ajudem a pôr-se de pé. O relato de João não tem como objetivo narrar a ressurreição de Lázaro. Aliás, nem devemos ficar olhando muito para a figura de Lázaro. O objetivo da narrativa é, certamente, despertar a fé, não para crer na ressurreição que acontece aqui e agora e não como algo que vai ocorrer apenas no fim dos tempos. É o que Jesus insiste com Marta. Ela possui a fé própria da doutrina judaica: “eu sei que ele ressuscitará na ressurreição do último dia”. E Jesus a desafia a dar um salto: “Eu sou a Ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. Crês nisto?”- Marta então faz sua proclamação de fé que, nos sinóticos, é colocada na boca de Pedro: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus vivo, que devia vir a este mundo”. Na comunidade joanina, as mulheres são apontadas como discípulas plenas, que reconhecem Jesus como o Messias, Filho de Deus Vivo. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ