Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Ninguém tira a minha vida, eu a dou” – Jo 18,1-19,41- Sexta Feira Santa! Seria necessário recuperar o sentido originário da Sexta Feira Santa, dia em que se celebra o ato de supremo amor de alguém pela humanidade. Infelizmente os próprios cristãos perderam esta dimensão e são tantas as práticas até folclóricas, que fica difícil celebrar realmente a “SEXTA FEIRA DA PAIXÃO”. Contemplemos brevemente o Evangelho deste dia, narrativa de João, que traz teologia própria, diferente dos sinóticos. Em João tudo começa e termina no Jardim. A paixão é a nova criação. Jesus não é um condenado que é levado ao patíbulo. Escolhe livremente oferecer a vida, assume tudo com muita consciência: “sabendo que”. A paixão é “hora de Jesus” – assume tudo como coroamento de sua missão. Em João ele não se prostra, não sua sangue, como nos sinóticos. Quando chegam para detê-lo, mantém a serenidade e o domínio da situação. Se é a mim que procurais… Sou eu… Deixai ir estes… Enfrenta corajosamente os interrogatórios das autoridades religiosas… Desafia Pilatos e as autoridades romanas. Enquanto que em Marcos Jesus fica em silêncio, em João Jesus se mostra eloquente, que responde às falsas acusações e testemunha a verdade. Os sacerdotes confessam: “não temos outro senão César”. Não menciona Simão Cireneu ajudando a carregar a cruz. Jesus leva a cruz sozinho até o Calvário. É soberano. As mulheres estão ao pé da cruz, inclusive sua mãe e não distantes, como nos sinóticos.

As últimas palavras de Jesus na cruz são diferentes dos demais. Em João: “Eis ai tua mãe – Eis aí teu filho”.. . “Tenho sede”…Tudo está consumado” – E, inclinando a cabeça, entregou o espírito…Na hora da morte, não há sinais externos, tudo está calmo… “mas um dos soldados traspassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e água”. Lendo atentamente a narrativa da Paixão segundo João, percebemos que a dinâmica da ressureição perpassa todas as suas páginas. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ