Saboreando a Palavra

28/08/2018

”As ovelhas conhecem a voz do Pastor” – Jo 10,1-10 – O 4º domingo da Páscoa é o domingo do Bom Pastor e o dia Mundial de Oração pelas Vocações. O evangelho deste domingo segue imediatamente ao da narrativa da cura do cego de nascença (Jo 9), onde nos deparamos com as desavenças das lideranças religiosas judaicas com Jesus e a expulsão de quem se diz seguidor de Jesus. Ao se proclamar como Bom Pastor, Jesus faz uma crítica forte às lideranças de Israel que deixaram o povo “como ovelhas sem pastor”. Ele é o Bom Pastor que veio para que todas as pessoas tenham vida em abundância. O texto de João trabalha com um imaginário pastoril de campo e lavoura. Jesus inicia o discurso com a comparação da porta: “Quem não entra pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas.” Naquele tempo, os pastores cuidavam do rebanho durante o dia. Quando chegava a noite, levavam as ovelhas para um grande curral comunitário, bem protegido contra ladrões e lobos. Todos os pastores de uma mesma região levavam para lá o seu rebanho. Um porteiro tomava conta de tudo durante a noite. No dia seguinte, de manhã cedo, cada pastor chegava, batia palmas na porteira e o porteiro abria. O pastor entrava e chamava as ovelhas pelo nome. As ovelhas reconheciam a voz do seu pastor, levantavam e saiam atrás dele para a pastagem. As ovelhas dos outros pastores ouviam a voz, mas não se mexiam, pois era uma voz estranha para elas. De vez em quando, aparecia o perigo de assalto. Ladrões entravam por um atalho ou derrubavam a cerca do redil, feita de pedras amontoadas, para roubar as ovelhas. Eles não entravam pela porta, pois lá havia o guarda que tomava conta. Os ouvintes, os fariseus (Jo 9,40-41), não entenderam o que significava “entrar pela porta”. Jesus então insiste dizendo: “Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes”. Provavelmente, Jesus se referia aos líderes religiosos que não cuidavam do povo, defendiam seus próprios interesses. Em outras palavras, ao seu proclamar o Bom Pastor, a Porta, afirma que seus ouvintes são maus pastores, conforme já denunciara o profeta Ezequiel (cf. Ez 34), e são também salteadores, pois não entram pela Porta, não assumem a proposta de Jesus. Entrar pela porta é o mesmo que agir como Jesus agia. O critério básico para discernir quem é pastor e quem é assaltante é a defesa da vida das ovelhas. Jesus pede para o povo não seguir as pessoas que se apresentam como pastor, mas não buscam a vida do povo. A atualidade deste Evangelho não poderia ser maior !!! Tantos assaltantes hoje que roubam a vida e a dignidade das pessoas, mas se apresentam como benfeitores do povo! E mais uma vez somos convidados/as a ter como critério de discernimento o que Jesus qualificou como missão do Pastor: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ