Saboreando a Palavra
O Caminho para seguir Jesus – Jo 14,1-12 – No 5º domingo da Páscoa a Liturgia nos brinda com mais um belo texto do Evangelho de João situado no contexto da última ceia. Faz parte do “discurso de despedida” (Jo13-17) ou seja, a longa conversa que Jesus teve com os seus amigos após a ceia e que ficou na memória da comunidade do Discípulo Amado. O texto começa com uma exortação: “Não se perturbe o coração de vocês (v.1)!” Em seguida Jesus afirma diz: “Na casa do meu Pai há muitas moradas (v 2)!” E continua com palavras de ânimo, de encorajamento, de promessas. A insistência em conservar palavras de ânimo que ajudam a superar a perturbação e as divergências, é sinal de que havia perturbação, medo, desavença, desesperança entre os discípulos e nas comunidades. Em seguida Jesus se despede (v 3-4) e diz que vai “preparar um lugar” e depois retornará para levar os seus “junto de si” a fim de que, “onde Ele estiver, os seus também estejam”. Quer que estejam todos com ele para sempre. Uma relação de profunda intimidade, de fidelidade sem fim. Termina dizendo: “Para onde eu vou, vocês conhecem o caminho (v.4)!” Quem conhece Jesus conhece o caminho, pois o caminho é a vida que ele viveu e que o levou, através da morte, para junto do Pai. Como se trata de um caminho a ser percorrido, um projeto de vida a ser realizado, aparece a figura emblemática de Tomé que pergunta pelo caminho: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” Jesus responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” Três palavras importantes. Sem “caminho”, não se anda. Sem “verdade”, não se acerta. Sem “vida”, só há morte. Jesus explica o sentido. Ele é o Caminho, porque “ninguém vem ao Pai senão por mim!”(v.6), pois ele é a porta por onde as ovelhas entram e saem (Jo10,9). Jesus é a Verdade, porque, olhando para ele, vemos a imagem do Pai. “Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai!” Jesus é a Vida, porque, caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós. Agora é Filipe, outro personagem que nos representa, que intervém e diz: “Mostra-nos o Pai, e basta!”(v.8). Era o desejo de muita gente nas comunidades de João: como é que a gente faz para ver o Pai de que Jesus tanto fala? A resposta de Jesus é muito bonita e vale até hoje: “Filipe, há tanto tempo estou no meio de vocês e você ainda não me conhece! Quem me vê, vê o Pai!”. Jesus afirma que Ele é a revelação do rosto do Pai, ou como afirma o Papa Francisco: “a Revelação do rosto de misericórdia do Pai”. Deus não está longe de nós, como alguém distante e desconhecido. Quem quiser saber como e quem é Deus Pai, basta olhar para Jesus. Ele revelou o Pai nas palavras e gestos da sua vida. “O Pai está em mim e eu estou no Pai!” Por sua obediência, Jesus estava totalmente identificado com o Pai. Ele, a cada momento, fazia o que o Pai mostrava que era para fazer. Por isso, em Jesus tudo é revelação do Pai. E os sinais ou as obras de Jesus são as obras do Pai. E Jesus ainda afirma que a intimidade dele com o Pai não é privilégio só dele, mas é possível para todos os que creem nele. “Em verdade vos digo, quem crê em mim também fará as obras que eu realizo”. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ .