Saboreando a Palavra

28/08/2018

Os agrados do Pai – Mt 11,25-30 – O 14º domingo do Tempo Comum nos traz um texto de Mateus muito apreciado, porém, por vezes, lido fora do seu contexto. Nele Jesus expressa sua alegria porque as pessoas simples entendem o que Ele diz e faz. Os capítulos 11 e 12 de Mateus descrevem como Jesus realiza a sua Missão, cuja instrução havia sido dada em Mt 10. O texto da liturgia deste domingo vem logo depois de narrativas onde aparecem os conflitos que ação de Jesus provocava. João Batista não conseguiu entender a forma misericordiosa de Jesus realizar a missão (Mt 11,1-15). Suas expectativas messiânicas eram outras. O povo que alimentava outras expectativas sobre Jesus, também ficou contra (Mt 11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus e viram seus milagres, não quiseram abrir-se para a sua mensagem (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores não foram capazes de concordar com a pregação de Jesus (Mt 11,25). Só os pequenos o entenderam e aceitaram a Boa Nova do Reino (Mt 11,25-30). Então Jesus faz uma prece: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado!” Jesus afirma que tal realidade foi do agrado do Pai. Os sábios, os doutores daquela época, tinham colocado sobre o povo um jugo que o deixava extenuado. Exigiam do povo a observância de leis que eles haviam criado e o faziam em nome de Deus. Jesus propõe uma troca de jugos. Seu “jugo é suave e seu peso é leve” porque trazia uma nova lei, a lei do amor, da simplicidade, da bondade. O povo entendeu a fala e ação de Jesus. Os sábios e entendidos nada entendiam desta boa nova e confrontavam Jesus a partir de seus critérios e de sua hierarquia de valores. Jesus convida a todos que estão cansados para vir até ele e promete descanso. É o povo pobre que vive cansado sob o peso dos impostos e das observâncias exigidas pelas leis. E ele diz: “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”. Infelizmente esta frase pode ser mal empregada e usada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. Jesus não faz como os escribas que se exaltam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabe por experiência, o que se passa no coração do povo e o que o povo sofre. Jesus convida todos que estão sobrecarregados pelo peso das observâncias da Lei a encontrarem nele o descanso e a suavidade, pois ele é manso e humilde de coração, capaz de aliviar e consolar as pessoas sofridas, fatigadas e abatidas (Mt 11,25-30). Esse convite revela um traço muito importante do rosto misericordioso de Deus: a ternura e o acolhimento que consolam, revitalizam as pessoas e as levam a se sentirem bem. Jesus é o abrigo que o Pai oferece ao povo cansado. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ