Saboreando a Palavra

28/08/2018

“No Reino da gratuidade” – Mt 13,1-23 – Neste 15º domingo do Tempo Comum a Liturgia nos apresenta a primeira parábola sobre o Reino dos Céus do capítulo 13 de Mateus. São sete, reunidas num só capítulo e elas servem de pista para explicar como é o Reino de Deus. A comunicação em parábolas é um gênero literário muito presente nos Evangelhos. É uma linguagem que sinaliza algo além, provoca uma busca de um significado mais profundo. Muitas vezes vem acompanhada de “elemento surpresa”. O desfecho de uma parábola quase sempre foge da lógica do senso comum. Podemos verificar isto nas sete parábolas de Mt 13. Quase todas escapam do nível de compreensão imediata. Estamos na parte central do Evangelho de Mateus e as parábolas deste capítulo mostram que o reino é exigente, desinstala e pressupõe a acolhida da Palavra de Jesus. Os conflitos que Jesus enfrenta por anunciar um Reino novo, mais presentes nos capítulos 11 e 12, no qual não é compreendido pelos “sábios e entendidos” (cf Mt 11,25ss) e os pobres serão felizes, Jesus “sai de casa e senta-se à beira-mar” (13,1). As “multidões acorrem, Ele sobe numa barca e senta-se” (v 2). É a postura de mestre, pois seus ensinamentos, a seguir, são o coração da boa nova do Reino. Inicia com a parábola do semeador que sai a semear e a semente cai em diferentes solos (Mt 13,1-23). Fala às multidões e narra uma parábola de ambiente agrícola, o que leva a pensar na luta de um camponês paciente e confiante, que não desiste mesmo que tudo vá contra ele e confia em poder produzir o que é necessário para sobreviver. Olhando mais de perto nosso texto, pode-se pensar que Jesus conta esta parábola se referindo a ele mesmo. Ele é o semeador, as sementes (a Palavra) são boas, todas germinam, mas nem todas estão caindo em lugares adequados. Pode-se imaginar o estranhamento dos ouvintes, pois um bom semeador não semeia de forma assim aleatória. Cuida antes de preparar o solo no qual vai semear. Talvez aqui esteja a catequese central desta parábola, uma vez que se trata do anúncio do Reino e não do julgamento dos solos, interpretação mais recorrente na catequese. A boa nova do reino é destinada a todos e o anunciador não é o merecedor dos frutos. É anúncio a ser feito gratuitamente, sem julgamentos e sem cobranças. Este é o rosto da misericórdia: semear a boa nova do reino em todo o tempo e em todo o lugar. É isto que Jesus confia aos “operários da messe do Senhor”. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ