Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Ouçam meu filho amado”– Mt 17,1-7 – No dia 06 de agosto a Igreja celebra a festa da Transfiguração do Senhor. O Evangelho deste 18º domingo do Tempo Comum, domingo da Transfiguração, nos traz a narrativa que está presente nos evangelhos sinóticos, ainda que com diferenças de perspectivas e detalhes. A narrativa é a mesma, mas a teologia tem focos diferenciados. Segundo os exegetas, não se sabe como se originou este relato. Em Marcos o o texto acentua a necessidade de sustentar a fé frente à perspectiva da cruz, uma vez que os três discípulos do monte da “transfiguração” são os mesmos do monte da “desfiguração”. Em Lucas o acento recai sobre Jesus em oração, uma oração que o transfigura e que faz receber a confirmação do Pai a declarar ser Jesus seu filho eleito e que se deve escutá-lo. Em Mateus, além de Jesus tomar consigo seus discípulos mais íntimos, como nos demais sinóticos, Ele os leva a uma “montanha alta”, não aquela da tentação, na qual o tentador lhe oferece “todos os reinos deste mundo” (cf. Mt 4,8). Mateus acentua “montanhas” ao longo do Evangelho, certamente em ressonância à montanha do Sinai, onde Deus concedera a Lei da Aliança. A “alta montanha” da transfiguração é o cenário no qual Jesus se revela como o Deus da vida. Ali os discípulos contemplam Jesus transfigurado. “Seu rosto brilhava como o sol, e suas roupas ficaram brancas como a luz”. Jesus, em todo o esplendor, revela o infinito mistério do Pai. Acompanham dois personagens muito significativos na experiência religiosa de Israel: Moisés e Elias que, segundo estudiosos, podem representar a Lei e os Profetas. Eles não tem o rosto resplandecente. Não proclamam nenhuma mensagem, apenas “conversam” com Jesus. Jesus é quem tem a última palavra. Pedro parece não entender do que se tratava. Propõe fazer três tendas, uma para cada um deles. Coloca Jesus, Moisés e Elias no mesmo nível. Não percebeu ainda que Jesus não pode ser equiparado com quem quer que seja. Ele é único. É Deus mesmo que faz Pedro calar. “Enquanto falava, uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra”. A voz surgida das nuvens, a voz da revelação divina, vai esclarecer as coisas: “Este é o meu filho em quem encontro meu agrado. Ouçam-no”. Meu Filho é único, é dele que provém a Lei e os Profetas. Não deve ser confundido com mais ninguém. Os discípulos “caíram com o rosto por terra e ficaram com medo”. Quando levantam seus olhos, estão vendo somente a Jesus. Ouvir só a Jesus causa tremor, espanto, exige entrega absoluta. Ouvir Jesus, porém, nos transfigura em pessoas mais humanas, mais misericordiosas, mas cuidadoras da “casa comum”, mais fieis às vozes que chegam a nós de todos os cantos da terra, especialmente neste ano do Jubileu de nossa Congregação. Ir. Zenilda Luzia Petry. IFSJ