Saboreando a Palavra
“Uma mulher na plenitude” – Festa da Assunção de Maria – Neste 20º Domingo do Tempo Comum, a Igreja do Brasil abre espaço para a celebração da Assunção de Maria, e comemora-se o Dia da Vocação à Vida Consagrada. O evangelho – Lc 1,39-56 – traz a narrativa da visitação, uma das tantas belas páginas do Evangelho de Lucas. Trata da visitação, do discurso inspirado de Isabel, seguido do cântico de Maria e do retorno de Maria à sua casa. Quando Maria soube da gravidez de Isabel, “saiu apressadamente”. Acreditou na boa nova do anjo e correu depressa ao encontro da vida. Chegando, entra na casa de Zacarias e saúda Isabel, e não o dono da casa (1,40). Certamente não se trata de uma distração do evangelista ao nos escrever tal detalhe. A “casa”, espaço preferencial da mulher, é também a grande boa nova trazida por Jesus. A CASA, de ora em diante, será o “lugar do encontro da nova comunidade”, da Igreja. Na casa, Isabel acolhe Maria e é neste espaço que Maria dá visibilidade à Isabel (Lc 1,40). Não só a visibilidade, mas resgata o direito à palavra e à proclamação pública da ação do Senhor. A mulher, a quem era negado o direito à palavra, que se manteve escondida por cinco meses (1,24), proclama agora aquilo que será fundamental para a teologia mariana ao longo da História. Emblemático é que estas afirmações tenham sido colocadas na boca de uma mulher, que já estava idosa e era estéril. Realmente a revelação dos mistérios mais profundos de Deus vem dos pequenos, dos fracos, dos pobres, dos excluídos. O que Isabel proclama? Qual a profecia desta mulher? “Cheia do Espírito, exclamou em alta voz” (Lc 1,41): “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’ (Lc 1,42).“Como mereço que a Mãe do meu Senhor venha me visitar” (Lc 1,43). “Feliz aquela que acreditou” (Lc 1,45).“O menino saltou de alegria em meu ventre” (Lc1,44). O evangelista ainda detalha que Isabel proclama em “altos brados”, em alta voz. Não foi apenas um murmúrio. Quem era silenciada, humilhada, agora proclama, grita e isto em “altos brados”. O menino salta de alegria – O ventre de Isabel, ventre de uma mulher estéril e idosa, é um ventre profético. Faz o menino saltar de alegria, antecipar a alegre boa nova de Jesus, anunciar a esperança, proclamar a boa notícia da salvação que se aproxima. Feliz aquela que acreditou – Isabel proclama e reconhece a fé e a alegria de Maria. Maria é reconhecida como feliz, imagem pouco explorada na piedade, na espiritualidade e até mesmo na Teologia Mariana. Ela é comumente vista como a mulher do Sim, a Virgem, a Serva do Senhor, a mulher vigilante e atenta, a Mãe das Dores ao pé da cruz. Já na anunciação, o anjo saúda Maria dizendo: alegra-te, cheia da graça (Lc 1,28). No atual contexto eclesial, em que o Papa Francisco tanto insiste na “alegria do evangelho”, no testemunho de uma vida consagrada “feliz”, na alegria do seguimento de Jesus, neste Ano Mariano da Igreja do Brasil, poder-se-ia dar um novo título à Mãe de Jesus: Nossa Senhora da Alegria. Sim, Nossa Senhora da Alegria, pois ela é “cheia de graça”, é “feliz porque acreditou” e esta sua alegria é muito bem expressa no Magnificat, cântico este que dá as razões de sua alegria. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ