Saboreando a Palavra

28/08/2018

Quem é Jesus – Mt 16,13-20 – Neste 21º domingo do Tempo Comum, a liturgia nos traz o evangelho da narrativa de Jesus passando por Cesareia de Felipe, texto central do Evangelho. O contexto é de diversos conflitos, particularmente relacionados à postura e à prática dos fariseus que não se cansam de se opor a Jesus (cf Mt 16,1-12). A narrativa é catequética e busca revelar quem é Jesus e o que significa ser seu discípulo. A pedagogia do relato é interessante. Primeiro Jesus faz uma pergunta aparentemente superficial: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” As respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos profetas. Respostas que não comprometem, apenas informam, uma vez que tem a ver com a compreensão de terceiros. A segunda pergunta tem outra conotação: “E vocês, quem dizem que eu sou?” A resposta a esta pergunta é breve, pois quem responde em nome pessoal se compromete com as consequências. Pedro, representante dos Doze, se arrisca e proclama a verdade sobre Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. A resposta, em si, não é nova. Anteriormente os discípulos já tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33). Jesus então proclama que Pedro é “feliz”, porque recebeu uma revelação do Pai. Não é mérito nem atributo pessoal. Aqui também a resposta de Jesus não é nova. Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação de felicidade aos discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas que antes ninguém conhecia (Mt 13,16). Jesus afirmou que Pedro tinha falado a verdade e explica o que significa ser o Messias, pois, certamente, Pedro não entendeu a extensão de sua resposta. Ele vai levar a vida toda para dar a resposta a tal pergunta. Após confirmar que era o Messias Jesus aponta para a verdadeira identidade de Pedro: ser pedra, fundamentar sua vida nos mesmos critérios do Pai. E confirma a liderança de Pedro, indicando, porém, em que consiste sua liderança. Como representante do grupo dos discípulos, deverá ter presente que Jesus não seria o Messias glorioso, triunfante e poderoso, como Pedro queria, mas o Messias Servo, em fidelidade ao Pai. As consequências dessa fidelidade seriam a prisão, a tortura e o assassinato. Um Messias que daria a vida em favor de muitos. Pedro será discípulo, seguidor de Jesus Crucificado e estar a serviço. Para tal, recebe as chaves do Reino. No prosseguir da narrativa (16,20ss), Jesus leva aprofunda o conteúdo da resposta dada por Pedro: se os discípulos aceitam Jesus como Messias e Filho de Deus, devem aceitá-lo também como Messias Servo que será morto. Relatos evangélicos mostram que Pedro não aceita as orientações de Jesus e procura dissuadi-lo. Jesus, porém, usa o equívoco de Pedro para explicar o que significa ser seguidor dele: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (v. 24). Seguir Jesus não é um conceito acadêmico ou um exercício intelectual ou teológico, mas uma adesão à sua pessoa e à sua prática. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ