Saboreando a Palavra
O caminho da santidade – Mt 5,1-12 – A Igreja neste domingo celebra a festa de todos os Santos, transferida do dia 1º de novembro. O Evangelho que a Liturgia nos oferece é seta que mostra as trilhas da santidade. Todas as pessoas são chamadas à santidade. No tempo de Jesus, muitos fariseus estavam preocupados com as leis em todos os seus pormenores, cuja observância seria garantia de santidade. Jesus vive e anuncia esta santidade superando a letra da lei. Diz que é o espírito da lei que importa e este espírito consiste na vivência do amor a Deus e ao próximo como a si mesmo, segundo o que vimos no domingo anterior (Mt 22,34-40). As bem-aventuranças são orientações para seguir no caminho de santidade. A felicidade já não está em somente meditar a lei de Javé dia e noite, mas felizes são as pessoas pobres, as que têm fome e sede de justiçam, são misericordiosas… As bem-aventuranças são uma espécie de porta de entrada do “sermão da montanha”, na versão de Mateus. As multidões, provenientes das periferias existenciais (cf Mt 4,23-25) buscam a Jesus e então, Ele sobe a montanha e seus discípulos se aproximam (5,1). Talvez seus discípulos, assim como os fariseus, ainda não tenham percebido a reviravolta da proposta de Jesus. Para Jesus, a felicidade foge totalmente dos critérios dos fariseus, como também vai na contramão dos critérios da sociedade atual. A primeira bem-aventurança é fundamental. As demais são desdobramentos desta. “Felizes os pobres”. Tal proclamação não poderia ser mais desconcertante para a doutrina oficial de então, que via a pobreza como sinal de maldição de Deus. Quem são os pobres no espírito? São aquelas pessoas nomeadas nas demais bem-aventuranças, ou seja, as que choram, as que são humildes e não têm terra, as que têm fome, as que são misericordiosas, as puras de coração, aquelas que promovem a paz e as que são perseguidas por causa da justiça. E quais são as promessas para esses empobrecidos ou para quem é solidário com eles? Jesus anuncia-lhes o Reino para o tempo presente. E os seus frutos serão: consolo, terra partilhada, fartura, misericórdia, contemplação de Deus e filiação divina. Ser pobre, porém, não é suficiente. Está claro que os empobrecidos são os preferidos de Deus, justamente porque ele não pode ver nenhum de seus filhos e nenhuma de suas filhas passando por necessidades. Ainda mais quando a pobreza é fruto da injustiça humana. A primeira bem-aventurança de Jesus fala em pobre “no espírito”. O que significa isto? É não buscar o sentido mais profundo da vida na riqueza, no prestígio e no poder. É viver de acordo com o espírito do próprio Deus. Ser pobre no espírito também é a opção pelo projeto da justiça e da misericórdia, é viver na total confiança e dependência de Deus, é confiar na partilha, na vida simples e na fraternidade. Esta é a seta que indica o caminho da santidade. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ