Saboreando a Palavra

28/08/2018

FESTA DE CRISTO REI – Mt 25,31-46 – Estamos celebrando o último domingo do Ano Litúrgico e o Evangelho deste dia é uma catequese sobre as opções a serem feitas por quem quer participar do Reino de Deus. Os Capítulos 24 e 25 de Mateus são conhecidos como discurso escatológico”, isto é, a reflexão voltada para as últimas coisas, ou seja, sobre a “intervenção” de Deus para pronunciar sua Palavra definitiva sobre a história. E sua Palavra vai na contramão das tantas palavras proferidas pelas elites religiosas e econômicas do seu tempo, como a liturgia destes últimos domingos vem nos trazendo. O pano de fundo para essa forma de pensar e falar é a realidade na qual está mergulhada a comunidade dos seguidores de Jesus. Neste domingo Jesus é identificado com vários títulos bíblicos: “Filho do homem” (v. 31); “pastor” (v.32); “Rei” (v. 34); “Senhor” (v.37). Estes títulos indicam a teologia ou a catequese feita nas comunidades e mostram Jesus como Rei que assume a causa dos pobres, um rei de serviço e amor. De fato, Jesus é um Rei muito diferente dos demais reis deste mundo: nasce pobre, numa aldeia pobre, de mãe pobre e com um pai simples e pobre, que vive no anonimato por muitos anos. Quando começa se manifestar, mergulha no mundo dos pobres, morre pobre numa cruz e é sepultado num sepulcro emprestado… Rei na contramão de toda forma de poder. O texto de hoje apresenta Jesus como rei que julga as nações (Mt 25,32). Um julgamento igualmente na contramão. Não julga a partir da lei, mas na ótica da misericórdia. Eu estava com fome, e me destes de comer; eu estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu, e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão e fostes visitar-me (Mt 25,35-36).Jesus não perguntará sobre conhecimentos, práticas de piedade ou sucesso e realizações, mas sim pelo que fizemos aos “mais pequeninos”, ou seja, às pessoas a quem o direito à vida e à dignidade foram negados. Essa narrativa não é uma descrição fotográfica do Juízo final. É uma catequese que busca incentivar as pessoas a assumirem a causa do Reino, protegendo os necessitados com os quais Jesus se identifica: “Tudo o que fizerdes ao menor de meus irmãos, a mim o fizeste”.