Saboreando a Palavra
Mc 11,1-11 – Bendito o que vem em nome do Senhor
A liturgia do domingo de Ramos é marcada por dois textos evangélicos: a entrada de Jesus em Jerusalém (Mc 11,1-11) e a narrativa da Paixão (Mc 14,1-15,47). O relato da paixão é denso de significado, com muitos personagens e ações descritas com um realismo muito forte. Olhemos mais de perto o Evangelho da entrada em Jerusalém. Após todo o relato dos gestos e palavras de Jesus na Galileia e ao longo do caminho para Jerusalém, esquema literário do evangelista Marcos, Jesus entra na cidade como rei-messias e vai confrontar-se com os donos do poder político, econômico e religioso.
Uma leitura atenta do texto nos dá a impressão de tratar-se de um relato bem popular. Jesus envia os seus a entrar no povoado indicado por ele, lá vão encontrar amarrado um jumentinho que nunca foi montado, devem desamarrá-lo e trazer a ele. Se alguém perguntar por que estão fazendo, tal será a resposta. Os discípulos vão e tudo acontece segundo as orientações dadas. Parece ser algo consensado antes, com senhas e códigos. Talvez indique o ambiente tenso reinante e o significado do gesto a se realizar.
Jesus entra na cidade, não como rei guerreiro e forte, mas como homem pobre, humilde e pacífico. Não vem montado em cavalo, mas num jumentinho, um animal de carga, o transporte dos pobres. Nenhum sinal de triunfo ou poder, pelo contrário, é o servo de Deus do qual se desvia o olhar. Os discípulos, as discípulas e o povo romeiro, vindos da Galileia, o aclamam como messias. Um Messias sem aquele perfil das expectativas criadas. O povo da capital não participa desta aclamação. Apenas assiste, e as autoridades nem aparecem. A romaria termina na praça do Templo. Tudo aponta para o confronto cuja memória celebramos na semana a seguir.
Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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