Saboreando a Palavra
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Mc 3,20-35
Neste dia 07 de junho reiniciamos, no ano litúrgico, os domingos do Tempo Comum. Estamos no 10º domingo do TC. É o tempo de caminhada da Igreja, de assumir o projeto de “uma Igreja em saída”. É o tempo de proclamar o mistério pascal e de abrir as portas de nossos cenáculos para que o Espírito Santo nos provoque para a missão.
No Evangelho, Jesus aponta o caminho desta “igreja em saída”, desta caminhada na História. Estabelece alguns critérios. Inicia convidando aos que formam a ”sua família”, como Maria, a fazer sempre a vontade de Deus (Mc 3, 20-35). A multidão estava aglomerada na casa onde Jesus se encontrava. Os seus familiares chegam e, de fora, mandam chamá-lo. Não entram, ele que deve sair: querem levá-lo de volta a Nazaré, pois se dizia que Jesus “havia enlouquecido” (v.21). De fato, para um judeu autêntico, só pode ser “loucura” o que Jesus está fazendo. Chamara para segui-lo, um grupo de pessoas sem nenhuma importância religiosa ou social (3,13-19). Fizera umas curas em dia de sábado (3,1-7), e estava desrespeitando a lei de pureza (1,40-45).
O relato evangélico deste domingo mostra Jesus enfrentando o mal, ou seja, começa a combater tudo aquilo que impede que o reino de Deus se torne realidade (3,22-30). E já aparece a incompreensão sobre sua ação. Os doutores da Lei atribuem ao demônio a sua ação em favor dos excluídos. Muito se poderia dizer deste relato, mas vamos à conclusão do texto. Mais uma vez a família se aproxima. Aqui se revela a grande ruptura que Jesus realiza: ”Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos” (v.33)? “São os que fazem a vontade de Deus” (v.35). O Reino de Deus não se constrói a partir de laços de consanguinidade, de raça ou de cultura, mas a partir de quem se aproxima de Jesus, se torna discípulo/a e ”faz a vontade de Deus”. Certamente se trata de uma ruptura que gera escândalo na sociedade judaica, tão vinculada à raça, ao parentesco, à identidade judaica. Hoje, sem dúvida, para se viver “uma Igreja em saída”, muitas rupturas se fazem necessárias. Podemos nos perguntar: estamos na disposição de fazer certas rupturas? Quais?
Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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