Saboreando a Palavra

28/08/2018

Por que tanto medo? (Mc 4,35-41) – O episódio da tempestade acalmada sempre repercute forte entre os cristãos. Sua interpretação é também muito diversificada. Muitas pessoas ainda consideram a narrativa como algo ocorrido historicamente. Tratar-se-ia de um milagre realizado por Jesus, um milagre de domínio da natureza. É muito difícil saber se há algum núcleo histórico, ainda que tempestades sejam frequentes no Mar.
Os detalhes presentes no texto mostram que o evangelista Marcos trabalhou o relato de maneira muito catequética, certamente para ajudar a comunidade a enfrentar as perseguições, as dúvidas, os temores, a crise de fé que viviam na época em que o Evangelho foi escrito. Uma verdadeira tempestade se abatia sobre a vida dos primeiros cristãos.
A comunidade cristã, mesmo em meio à perseguição e sofrimento, precisa confiar em Jesus, ainda esteja “dormindo”. O texto é considerado um “retrato da comunidade”, que está na barca, na comunidade, com ventos contrários muito fortes, ventos que jogam águas para dentro da barca, na eminência de naufragar todos juntos, inclusive com Jesus que está deitado sobre um travesseiro e dorme profundamente. Parece que ele está deitado no lugar de onde se dirige a barca. Em outras palavras, mesmo dormindo, Jesus permanece no comando da barca, na direção da História. É preciso confiar nele e, então, não há razão para tanto medo.
Estamos vivendo tempos em que, tanto a nível pessoal, familiar, social e mundial, as tempestades se sucedem. Talvez tenhamos a mesma sensação de que Jesus não se importa que pereçamos. Em meio a estas crises profundas em que a humanidade está mergulhada, a grande convocação é confiar em quem está no leme…
Ir. Zenilda Luzia Petry

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