Saboreando a Palavra
Um menino com cinco pães de cevada – Jo 6,1-15 (17º TC)
O décimo sétimo domingo do Tempo Comum interrompe o ciclo de narrativas do Evangelho de Marcos e nos coloca em contato com o Evangelho de João. Certamente o episódio da partilha do pão, narrativa subsequente a Mc 6,30-34, do 16º domingo do TC, em João vem enriquecido por uma teologia ainda mais elaborada.
Olhemos o texto mais de perto: O relato situa Jesus também no Mar da Galileia. As multidões seguem Jesus e é Ele quem primeiro se preocupa com a fome do povo, deferente de Marcos, onde são discípulos que pedem que Ele disperse a multidão. A preocupação de Jesus com a fome do povo deve ter ficado muito forte na memória dos primeiros cristãos. A partilha do pão é a narrativa mais relatada nos Evangelhos. São seis vezes que os quatro evangelistas nos presenteiam com este episódio, ainda que com cenários e conteúdos diversificados. Jesus é o grande “partilhador do pão”. Esta é a sua identidade. Daí que Ele mesmo se faz pão, seu ser é ser pão. Em João, a narrativa prossegue com o discurso do pão da vida, como veremos nos próximos domingos.
No texto de Jo 6,1-15, Jesus olha a multidão e pensa em providenciar pão. Pergunta para Filipe onde “comprar”. Segundo o 4º Evangelho, o recurso do “comprar” é para provocar novo ensinamento. Filipe revela que ainda está na lógica do dinheiro e faz logo os cálculos. Os discípulos são pobres e não tem a quantia necessária. Logo, não tem como solucionar a questão da fome do povo. Estão dispensados…. Em Mc Jesus faz a proposta de os discípulos partilharem o quem tem. Em João há uma negação do dinheiro como caminho de superação da fome. Não é o dinheiro que resolve a questão da fome….
Há aqui “um menino com cinco pães de cevada e dois peixinhos. Mas o que é isto para tanta gente”? Um menino!!! Não um adulto e certamente pobre, logo, alguém excluído. Pão de cevada é alimento dos pobres. Ele também tem dois “peixinhos”, não dois peixes grandes…
Jesus certamente introduz uma novidade no seu ensinamento, segundo João: o caminho para a “vida plena” passa pela lógica dos pobres e não pelo dinheiro que tudo conquista, mas não transforma corações e mentes…
Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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