Saboreando a Palavra

28/08/2018

Com o coração longe de Deus – Mc 7,1-8.14-15.21-23 – Neste 22º domingo do Tempo Comum retomamos o Evangelho de Marcos. Os versículos selecionados pela Liturgia deste dia, extraídos de Mc 7, são perpassados pelo conflito entre os setores tradicionais da religião judaica com a pessoa de Jesus e seu projeto. Na narrativa nos deparamos com dois grupos: Jesus e seus discípulos e, em confronto com eles, os fariseus. Estes, profundamente exigentes na observância externa da Lei, se dizem escandalizados porque os discípulos não observarem certas práticas, puramente de preceitos “humanos”. O escândalo é com os discípulos, mas as acusações são contra Jesus. O sentido mais profundo do conflito é a prática de uma religião vazia de Deus e a substituição da vontade divina por “tradições humanas”. Jesus cita o profeta Isaías que acusa o povo de honrar apenas com os lábios e ter o coração longe de Deus.
O texto reflete certamente a situação vivida pela Comunidade de Marcos nos anos 70 d.C., com relação às leis e tradições judaicas, que deviam ser relativizadas ou até abandonadas frente à novidade da Boa Nova do Reino.
É este o grande problema de Instituições e práticas religiosas: estabelecemos normas e tradições humanas e as colocamos no lugar de Deus. Por vezes a tradição impede a necessária renovação. O reino de Deus não consiste no cumprimento formal das Leis, mas num processo de adesão à pessoa de Jesus e na prática da solidariedade. Ainda hoje podemos cair na armadilha de um agir de práticas exteriores, mas com o coração longe de Deus.
Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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