Saboreando a Palavra

28/08/2018

Enquanto orava, seu rosto se transfigurou” – Lc 9,28-36 – Segundo domingo da Quaresma. A narrativa da transfiguração está presente nos evangelhos sinóticos, ainda que com acentuadas diferenças de perspectivas e detalhes. A narrativa é a mesma, mas a teologia tem focos diferenciados. Segundo os exegetas, não se pode saber como se originou este relato. O fato é que para os primeiros cristãos se trata de uma experiência muito importante: ajudava os cristãos a contemplarem o mistério presente na pessoa de Jesus, como também acentuava a importância de escutar a Sua Palavra. Em Marcos o relato acentua a dimensão de sustentar a fé frente à perspectiva da cruz, uma vez que os três discípulos do monte da “transfiguração” são os mesmos do monte da “desfiguração”. Em Lucas o acento recai sobre Jesus em oração, uma oração que o transfigura e que faz receber a confirmação do Pai a declarar ser Jesus seu filho eleito e que se deve escutá-lo. No cume de uma alta montanha os discípulos contemplam Jesus transfigurado, ou seja, a figura de Jesus que faz transparecer o mistério do Deus invisível. Acompanham dois personagens muito significativos na experiência religiosa de Israel: Moisés e Elias, representantes da Lei e dos Profetas. Na narrativa eles conversam com Jesus, porém estão envoltos em glória, dificilmente reconhecíveis. Eles não proclamam nenhuma mensagem, apenas “conversam” com Jesus. Jesus é quem tem a última palavra. Assim como nós, também Pedro parece não entender do que se tratava. Propõe fazer três tendas, uma para cada um deles. Coloca Jesus, Moisés e Elias no mesmo nível. Como em tantas outras narrativas, Pedro é o personagem exemplo da necessidade de nos abrir à Boa Nova trazida por Jesus. Também aqui Pedro não captou a novidade de Jesus. A voz surgida das nuvens, a voz da revelação divina, vai esclarecer as coisas: “Este é o meu filho escolhido. Ouçam-no”. Viver ouvindo a Jesus é a proposta de vida plena para todos. Ouvir a Jesus nos transfigura igualmente em pessoas mais humanas, mais misericordiosas, mas cuidadoras da “casa comum”, mais fieis às vozes que chegam a nós de todos os cantos da terra, neste ano, de forma especial, pelo Jubileu da Misericórdia e, no Brasil, pela Campanha da Fraternidade. Ir. Zenilda Luzia Petry. IFSJ

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