Saboreando a Palavra
“Eu vos dou a minha paz” – Jo 14,23-29 – O texto deste 6º Domingo da Páscoa é o final do Discurso de despedida presente no quarto Evangelho, um texto perpassado por sentimentos de angústia humana e de insegurança. Diversos temas estão presentes: Jesus insiste no amor, como já vimos no domingo anterior. É o amor que leva a viver a Palavra. Para bem compreender todo o projeto do Pai, Jesus promete aos discípulos que vai enviar o Espírito Santo e deixa aos seus o grande dom da PAZ: “Eu vos deixo a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu lhes dou não é a paz que o mundo dá” (Jo 14, 27). O tema da paz é constante nos relatos da vida de Jesus. Ele terá usado a palavra tradicional dos judeus para a paz, “Shalom”. É uma paz baseada na vinda do Espírito. Enfatiza que não é a paz como o mundo a entende – muitas vezes simplesmente como a ausência de guerra, de conflitos. O Shalom, a paz significa bem-estar, felicidade, saúde, segurança, relações sociais harmoniosas e justas, harmonia consigo mesmo, com o próximo, com Deus e com a criação. A bíblia cita a Palavra SHALOM 239 vezes. Frequentemente a paz que o mundo dá é aquela que depende de força das armas para reprimir as legítimas aspirações do povo sofrido – como tantos países experimentaram e continuam a experimentar hoje. O “shalom” é tudo o que o Pai quer para o seu povo. Só existe quando reina o projeto de vida de Deus. Implica a satisfação de todas as necessidades básicas da pessoa humana, da libertação da humanidade de tudo o que fere sua dignidade. Como dizia o saudoso Papa Paulo VI, “Justiça é o novo nome da paz!”. O “shalom” dos discípulos não pode ser perturbado pelo fato da partida de Jesus, pois é através da volta do Filho para o Pai que o Shalom vai se instalar.
O “shalom”, a verdadeira paz, é um dom de Deus. Mas Ele pede a colaboração humana! Se nós acreditamos no shalom, nunca podemos compactuar com sistemas repressivos ou elitistas que tiram os direitos básicos que pertencem a todos os filhos de Deus. Às vezes, este shalom convive ao lado do sofrimento e perseguição por causa do Reino, mas quem experimenta, na intimidade, a presença da Trindade, também experimenta a verdade da frase de Jesus: ”não fiquem perturbados, nem tenham medo”(Jo.14,27). Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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