Solenidade da Assunção da Virgem Maria

14/08/2025

“Bendita és tu entre as mulheres” – Lc 1,39-56 – Dia da Vocação à Vida Religiosa Consagrada – Solenidade da Assunção da Virgem Maria – A festa da Assunção de Maria, do 15 de Agosto, é celebrada, entre nós no Brasil, no domingo após a data. Neste ano substitui o 20º domingo do Tempo Comum. Só recordando, Pio XII proclamou solenemente, em 1º de Novembro de 1950, o dogma da Assunção de Nossa Senhora. O mistério da Assunção anuncia o nosso destino sobrenatural e a dignidade de cada ser humano, chamado pelo Senhor a tornar-se instrumento de santidade e a participar na Sua glória. Trata-se de uma Liturgia muito rica, cuja profundidade não chegamos a alcançar. Assim somos convidadas/os a contemplar silenciosamente este mistério. Olhando as Leituras que a Igreja nos indica para esta solenidade, temos como primeira Leitura textos do Livro do Apocalipse. Em linguagem figurada, o autor desta obra fantástica mostra a luta entre a mulher e o dragão. A mulher, símbolo de Maria, é a imagem da Igreja. Como Maria, a Igreja, no meio do sofrimento, gera um mundo novo, sofrendo sempre a perseguição do dragão, outro personagem simbólico, que congrega em si todo o mal político, econômico, social, moral. A carta de Paulo aos Coríntios traduz a nova ordem do mundo, pois Jesus, o novo Adão, ressuscitou. O texto do Evangelho é muito conhecido, sabemo-lo quase de memória. O seu ensinamento, porém, não chega a ser alcançado em sua profundidade. Não sendo um relato biográfico, é necessário ler “por trás das palavras”. Trata-se de uma das tantas belas páginas do evangelho de Lucas. Relata o episódio da visitação, da palavra inspirada de Isabel, seguido do cântico de Maria e do retorno de Maria à sua casa. A narrativa inicia dizendo que quando Maria soube da gravidez de Isabel, “saiu apressadamente”. Acreditou na boa nova do anjo e correu depressa ao encontro da vida, lá onde não havia mais esperança de vida. Chegando, entra na casa de Zacarias e saudou Isabel. A casa é de Zacarias, mas a saudação é para Isabel. A casa é o espaço preferencial da mulher. Para Lucas, a casa, de ora em diante, será o lugar do encontro da nova comunidade, da Igreja. Na casa, Isabel acolhe Maria e é neste espaço que Maria torna Isabel uma mulher visível, pois estava “escondida por cinco meses”. Resgata também o direito da mulher falar e proclamar a ação do Senhor. Numa cultura patriarcal, onde a palavra é reservada ao homem, Maria e Isabel proclamam os grandes mistérios de Deus. Isabel, mulher, velha e estéril, agora “cheia do Espírito, exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’. “Como mereço que a Mãe do meu Senhor venha me visitar”. “Feliz aquela que acreditou”. O menino saltou de alegria em meu ventre”. Segundo Lucas, Isabel não balbuciou tais proclamações, mas foi em “altos brados”. Segue o cântico de Maria que descreve o projeto de Deus para toda a humanidade. Este cântico, tal como o Pai-Nosso, é proclamado milhares de vezes, diariamente. Certamente nos falta alcançar a profundidade de sua revelação. Neste encontro destas duas mulheres temos: uma idosa e estéril, outra muito jovem, não casada e grávida. Justamente nelas se revela a plenitude da misericórdia de Deus A Festa da Assunção é a revelação plena da misericordiosa obra de Deus, que chama a humanidade, por meio de Maria, a seguir pelo caminho da ressurreição, da vida em plenitude, pois Jesus já realizou a sua obra na totalidade. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ