Solenidade da Epifania do Senhor

04/01/2024

 Vimos sua estrela… e viemos adorá-lo – Mt 2,1-12 – Solenidade da Epifania do Senhor – A liturgia deste dia celebra a manifestação de Jesus a todas as nações… O Menino do presépio é uma “luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Essa “luz” encarnou na nossa história e no nosso mundo, iluminou os caminhos da humanidade, conduziu-a ao encontro da salvação e da vida definitiva. O Evangelho da Festa da Epifania é um relato catequético que visa ilustrar a manifestação de Jesus ao mundo. O episódio da visita dos magos ao Menino de Belém, narrado somente por Mateus, é um relato de muita beleza. Ao longo dos séculos a piedade popular continuou a fazer acréscimos, que não estão presentes no texto de Mateus. A arte, o cinema, a literatura são ricas em imaginações sobre os “três reis magos”. Até nomes os três receberam. Na verdade, Mateus não pretende descrever uma visita de personagens importantes, mas sim apresentar Jesus como o enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação de Deus à humanidade de toda a terra. A análise dos vários detalhes do relato confirma que a preocupação de Mateus não é de tipo histórico, mas catequético. Mateus inicia informando e insistindo que Jesus nasceu em Belém de Judá. (cf. v. 1.5.6.7). Para entender esta repetição, é preciso ter presente que Belém era a terra natal do rei Davi. Afirmar que Jesus nasceu em Belém é confirmar os anúncios proféticos que diziam que o Messias era descendente de Davi e que iria nascer em Belém (cf. Mi 5,1.3; 2Sm 5,2).  Segue a informação de uma estrela que apareceu no céu e que conduziu os “magos” para Belém. Tomar esta informação como histórica é desfocar a mensagem do relato. Mateus busca dizer-nos que o Menino de Belém é essa “estrela de Jacó” de que falava o anúncio profético de Balaão (cf. Nm 24,17). O nascimento de Jesus significa a chegada da “luz salvadora” que vai brilhar sobre Jerusalém e atrair à cidade santa, povos de toda a terra. Os “magos”, personagens desconhecidos, mas de múltiplas atribuições, representam os povos estrangeiros que peregrinam para Jerusalém com suas riquezas, para encontrar a luz salvadora que brilharia em Jerusalém. Duas atitudes são evidenciadas no relato, atitudes estas que percorrem todo o Evangelho de Mateus: o povo de Israel rejeita Jesus, enquanto os pagãos O adoram. Herodes e a cidade de Jerusalém “ficam perturbados” e ali a estrela desaparece. Logo planejam matar o menino. Os pagãos continuam sua busca e seguem para a periferia do poder. Lá reencontram a luz e se enchem de alegria. Adoram Jesus e o reconhecem como seu Salvador. É a grande “Epifania” de Jesus ao mundo. Aproximando-nos mais de uma possível mensagem do texto, podemos analisar as atitudes dos vários personagens em sua relação com Jesus: temos os “magos”, Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo… Diante de Jesus, estes personagens assumem diversas atitudes: os magos adoram, Herodes rejeita, os sacerdotes e escribas são indiferentes. Só os pagãos, que não conhecem os textos sagrados, vão ao encontro do Messias, seguindo a estrela que indica onde se pode encontrá-Lo. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ