Solenidade da Epifania do Senhor

07/01/2023

“Nós vimos sua estrele e viemos adorá-lo” – Mt 2,1-12 – Festa da Epifania do Senhor

No Brasil esta solenidade é celebrada no domingo, próximo do dia 06 de Janeiro. Em outras nações, celebra-se no dia 6 mesmo. O episódio da visita dos reis magos ao menino de Belém é um episódio muito simpático e cheio de ternura que, ao longo dos séculos, provocou muitos impactos nos sonhos e nas fantasias dos cristãos. Convém recordar que o relato faz parte das “narrativas da infância” de Mateus  e que os fatos ali narrados não são descrição de acontecimentos históricos, mas relatos simbólicos de profunda teologia. São ensinamentos sobre Jesus, sua vida e sua missão. Mateus está interessado em apresentar Jesus como enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação a toda as nações, a toda a  humanidade.

Há vários detalhes que nos ajudam a melhor compreender e acolher a verdade deste evangelho. Mateus insiste em afirmar que Jesus nasceu em Belém de Judá (vv1.5.6.7) Necessário se faz recordar que Belém era a terra do Rei Davi. Dizer que Jesus é de Belém é afirmar que Jesus é o Messias. Para a comunidade de Mateus, com maioria de judeo-cristãos, dizer que Jesus teria nascido em Nazaré criaria obstáculos para a fé dos judeus. Mais tarde lideres religiosos dirão que de Nazaré não sai nada de bom (cf Jo1,46;  7,41 ).

Outro aspecto a considerar é a referência a uma estrela “especial” que apareceu no céu e que conduziu os magos a Belém. Muito já se pesquisou sobre o tal aparecimento. Inútil pesquisar na história ou na astronomia. Na cultura judaica e na de outros povos, dizia-se que o nascimento de personagens importantes era acompanhado pela aparição de uma estrela especial. A insistência de Mateus é mostrar que Jesus é o Messias, o filho de Davi, o enviado do Pai.

 A figura dos magos tem muitos significados: uns afirmam serem astrólogos, feiticeiros sacerdotes, reis… Isto pouco importa. No Evangelho de Mateus, os magos representam os povos estrangeiros, ou seja, os não judeus. Esta é a mensagem central. São “três”, o que por si só já é simbólico. “Três” é número da perfeição, da trindade. (Três mais quatro é a totalidade). As imagens criadas ao longo da história, os nomes fictícios, tudo vêm carregadas de simbolismo. Estes “estrangeiros” vem procurar o “Rei dos Judeus”. Vão direto ao Palácio de Herodes, pois sendo “rei dos judeus”, deve ter nascido no palácio. Nada lá encontram e até a estrela desaparece. O Rei dos Judeus não pertence a “este mundo”, que logo começa a rejeitá-lo e busca matá-lo. A estrela, a luz, volta a aparecer na periferia, lá onde vivem os excluídos, os pobres, os maltrapilhos, os cegos, os aleijados, os indígenas, os catadores de lixo….

Jesus é a luz, a estrela que brilha nas trevas. Resta-nos uma provocação. Será que a estrela brilha sobre nossas Igrejas, nossas casas religiosas, nossas famílias? Sobre o palácio de Herodes não brilhou, mas foi luminosa sobre o casebre de Belém. O que isto nos fala hoje?

 Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ