Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus – Dia Mundial da Paz!

30/12/2022

Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração – Lc 2,16-21 – Neste dia, a liturgia nos coloca diante de três principais focos, todos importantes. Dia Mundial da Paz, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus e primeiro dia do Ano Civil.

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projeto de Deus, nos deu Jesus, o nosso libertador.

Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos “homens de boa vontade” que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo. Mais do que nunca, este apelo torna-se um clamor.

Primeiro dia do Ano Civil. Para a sociedade, o primeiro dia do ano civil é a festa de maior destaque. No Brasil, a posse dos novos governantes certamente vai ofuscar os demais focos. Mas o primeiro dia do ano pode significar o início de uma nova caminhada, percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.

As leituras deste dia lançam luzes sobre estas diversas celebrações. Na primeira leitura (Num 6,22-27), sublinha-se a dimensão da presença de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude.

 Na segunda leitura (Gl 4,4-7), a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho para libertar da escravidão da Lei e para nos tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-Lhe “abbá” (“papá”).

O texto do Evangelho é a continuação do que foi lido na noite de Natal: após o anúncio do “anjo do Senhor”, os pastores, símbolo de todos os pobres e excluídos, dirigiram-se a Belém. A narrativa diz que encontraram o menino, deitado numa manjedoura de uma gruta de animais. Para realmente “saborear” a riqueza deste relato, precisamos considerar que o evangelista não está fazendo uma reportagem do nascimento de Jesus, ou uma crônica social das “visitas” que o menino de Belém recebeu. O relato tem sentido profundamente teológico e quer revelar quem é esse menino e qual a missão. Fica bem claro que Jesus é o Messias libertador, enviado para trazer a paz e a salvação a todos os povos, especialmente a esta parcela da humanidade que está mergulhada na “noite” da exclusão económica, política e religiosa.

Buscando nos aproximar ainda mais do texto, pode-se observar que os pastores, após ouvirem a “boa nova” do nascimento do “salvador do mundo”, saem “apressadamente”. A pressa revela a urgência da intervenção divina neste mundo de ódio, violência, injustiças. A pressa revela intensidade da busca. Aqueles que vivem numa situação intolerável de sofrimento e de opressão reconhecem Jesus como o único salvador e apressam-se a ir ao seu encontro. O curioso ainda a se destacar é a forma como os pastores reagem. Sendo pobres e pessoas da “noite”, o natural seria pedirem algo em seu próprio benefício, mas começam por glorificar e louvar a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a certeza da libertação que se converte em ação de graças ao Deus libertador. Olhemos ainda para a atitude Maria: ela “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e a sabedoria da fé para saber lê-los à luz do plano de Deus. A liturgia deste dia supera em muito a nossa capacidade de compreensão natural. Mas uma vez somos convidados/as a mergulhar no mistério de nosso Deus que se revela na mais pura simplicidade e ternura. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ