Solenidade de todos os Santos

04/11/2022

Solenidade de todos os Santos – Mt 5,1-12 – Celebra-se esta solenidade, no calendário litúrgico, no dia 1º de Novembro. No Brasil, a celebração ocorre no domingo seguinte. As leituras deste dia são de muita poesia e mística. Na primeira leitura, o autor do livro do Apocalipse descreve, de forma simbólica, a multidão dos santos, que passaram pelo martírio e agora estão de pé diante do trono e do Cordeiro, louvando e bendizendo: “A bênção e a glória, a sabedoria e a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amem!”.

Na segunda leitura, extraída da primeira epístola de João, o autor inicia dizendo: “Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus”. Ser Filho de Deus é um processo a ser conquistado.  Isto é ser santo.

No Evangelho temos as “bem-aventuranças”, que devem ser entendidas no contexto da pregação sobre o “Reino”. Jesus proclama “bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de debilidade, de pobreza, porque Deus vai instaurar o “Reino” e a sua situação vai mudar radicalmente. São “bem-aventurados” porque sua fragilidade, debilidade e dependência tem a preferência divina, pois estão de espírito aberto e coração disponível para acolher a proposta de salvação e libertação que Deus lhes oferece em Jesus.

As quatro primeiras “bem-aventuranças” de Mateus estão relacionadas entre si. Tem a ver com a ‘situação concreta’ em que as pessoas vivem. São os “pobres”, os “humildes”, os que “choram”, os que tem “fome e sede de justiça”. Os “pobres”, além da pobreza material, são acolhedores, partilham, aceitam renunciar aos bens, se colocam nas mãos de Deus e servem os irmãos. Os “mansos” ou “humildes” recusam a violência, não pegam armas, são tolerantes e pacíficos. Os “que choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo, mas confiam em Deus. Aos “que têm fome e sede de justiça”, Jesus lhes dá a esperança de verem essa sede de fidelidade saciada, no Reino que vai chegar.

 O segundo grupo de “bem-aventuranças” (vv. 7-11) tem mais a ver com a ‘conduta cristã’. Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, de amar sem limites, deixar-se tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros, capazes de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão. Os “puros de coração” são aqueles que têm um coração honesto e leal, que não praticam duplicidade e engano, não se corrompem. Os “que constroem a paz” são aqueles que recusam a violência, que não aceitam que prevaleça a “lei do mais forte. Os “que são perseguidos por causa da justiça” são aqueles que se engajam na luta pela instauração do “Reino” e por isto são humilhados, rejeitados, marginalizados.

A todos Jesus garante que o mal não vencerá e que a vida plena vai triunfar. No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança para os pobres e marginalizados. Deus está do seu lado e garante que sua situação vai mudar. Já estão na dinâmica do Reino. Quanta atualidade para nossos dias!  Os santos e santas percorreram este caminho. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ