Terceiro Domingo da Páscoa

11/04/2024

Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras – Lc 24,36-48 – O episódio que Lucas nos relata no Evangelho deste terceiro domingo do tempo pascal tem como cenário Jerusalém, pouco depois da ressurreição de Jesus. Trata-se de um relato “pós Emaús”. Os discípulos estão reunidos e confirmam que Jesus apareceu a Pedro. Mesmo assim, o medo, a confusão, a perturbação, as dúvidas continuam. Certamente a maioria dos discípulos ainda não fez a experiência do “encontro” pessoal com Jesus ressuscitado, pois a fé na ressurreição é fruto do encontro pessoal, de uma experiência intransferível com Jesus. É o que estamos vendo em todas as narrativas da ressurreição. Os discípulos vão percebendo, progressivamente, que Jesus está vivo. Os relatos da ressurreição não são descrição jornalística e fotográfica das aparições de Jesus aos discípulos, mas seu objetivo é revelar que Jesus está vivo e presente na história. O evangelista Lucas procura deixar claro que a ressurreição de Jesus foi sim um fato “real”, transformador, mas os discípulos tiveram que percorrer um caminho longo, difícil, penoso, carregado de dúvidas e de incertezas, para chegar a uma confiança plena. A fé na ressurreição não é um caminho de evidências materiais, de provas palpáveis, de demonstrações científicas: “pedra rolada” e “sepulcro vazio” não são provas da ressurreição. A certeza da ressurreição nasce de um coração aberto à revelação de Deus, da acolhida de Jesus que vem ao “encontro”. A iniciativa do encontro é sempre de Jesus. E quando Jesus se apresenta, fica “no meio deles”. O seu lugar é no centro da sua comunidade. Mas os discípulos, sempre de novo, se “espantam” diante de Jesus. O “espanto” e o “medo, na Sagrada Escritura, são reações normais diante da divindade. O evangelista assim reafirma que Jesus é Deus. Há outros detalhes na narrativa que surpreendem. A insistência em “tocar”, “comer peixe assado”, sentar-se à mesa, aparecer no meio estando fechadas as portas. Depois Jesus se identifica mostrando “as mãos e os pés”. Pés e mãos com as marcas da sua vida doada. “Pés” e “mãos” para dizer: andem por onde andei, façam o mesmo que fiz. Feito tudo isto, o entendimento dos discípulos se abre e compreendem o sentido profundo das Escrituras. A falta de compreensão das Escrituras é a grande chave para entender o comportamento dos discípulos que temem, duvidam, fogem. Jesus é o centro das Escrituras e seu verdadeiro intérprete. É preciso mergulhar no sentido das Escrituras para crer em Jesus. No relato deste domingo, Jesus confere aos discípulos de ontem e de hoje, a grande missão: “Vós sois as testemunhas de todas estas coisas.” Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ