Dia 18/11/2018 – Celebrando o 33º Domingo do Tempo Comum

15/11/2018

Esperar contra toda esperança – Mc 13,24-32 –Estamos no 33º Domingo do Tempo Comum e se aproxima o fim do Ano litúrgico. A narrativa evangélica deste domingoé apresentada em linguagem apocalíptica, uma linguagem que nem sempre é bem compreendida. O Capítulo 13 de Mc é considerado um capítulo apocalíptico. Como ler bem este texto? É preciso imaginar-nos no tempo das primeiras comunidades cristãs, época em que o Evangelho foi escrito. Jesus havia anunciado a proximidade e até mesmo a realização do Reino de Deus, um reino de justiça, paz, fraternidade, respeito, acolhida, igualdade. No entanto, o que as comunidades viviam no concreto do dia a dia? Dominados pelo Império Romano, sofriam as mais diversas perseguições, injustiças, violências, guerras, exploração dos pobres, exclusão de toda forma. Não era fácil continuar vivendo a fé e a adesão à pessoa e ao projeto de Jesus. A ideologia da “pax romana” era apregoada e exigida pelos donos do poder. Qualquer oposição ou revolta era morte certa e, no caso, morte de cruz. O império romano exigia a paz, como Jesus reconhece ao rezar: “Eu vos dou a minha paz, não a dou como o mundo a dá”, pois esta paz é a do cemitério. Ninguém tem a possibilidade de manifestar sua opinião ou insatisfação. As coisas estavam todas determinadas e não havia esperançade mudança no horizonte. Neste contexto o evangelista Marcos reúne diversos ditos de Jesus, pronunciados certamente em diferentes ocasiões e, usando o recurso da linguagem simbólica, busca sustentar a esperança do povo que vivia numa “grande tribulação”. As imagens são fortes: “o sol se transformará em trevas, a lua não dará mais claridade, as estrelas cairão do céu”. Este mundo que parece tão seguro, eterno, inabalável, vai desmoronar. Esta é a grande boa nova. A queda dos astros também é descrita no livro do Apocalipse. Considerando que os astros eram também divindades para os romanos, fica ainda mais evidente o sentido da linguagem do evangelho. Este sistema ideológico e religioso, este imperialismo, esta organização política e social, vai desmoronar. Para o livro do Apocalipse, a vitória será do Cordeiro imolado, e Deus “criará um novo céu e uma nova terra, onde habitará a justiça”. E mais uma certeza é confirmada aos seguidores de Jesus: “O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão”. Mesmo em linguagem figurada, o evangelho deste domingo nos convida a dar atenção aos sinais dos tempos. Deus é o Senhor da História. Na grande tribulação pela qual o povo brasileiro e o das demais nações estamos passando, é hora de “esperarmos contra toda a esperança”, engajar-nos na construção do Reino de Deus e crer que o ponto final da história pertence a Deus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ