Por uma cultura de paz

24/05/2019

Por uma cultura de paz – Jo 14,23-29  – O Evangelho de João neste sexto domingo da Páscoa faz parte do grande “Discurso de despedida” de Jesus. Nele se respira uma atmosfera muito especial: os discípulos estão inseguros e com medo. Jesus insiste que vai partir, mas não vai abandoná-los. Por cinco vezes acena para a vinda do “Espírito Santo”, aquele que vai sustentar suas vidas e sua missão. O “defensor”, o “advogado”, o “paráclito” vai “ensinar tudo e vai recordar tudo o que Ele ensinou”. O Espirito Santo será a memória viva de Jesus. Deseja que os discípulos entendam seu projeto em toda a sua plenitude e aponta para o coração de sua proposta de vida: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”. Os judeus saudavam-se com o SHALOM, palavra hebraica muito densa e rica de sentido. Não era uma saudação rotineira e convencional, como nosso “bom dia”, dito tão mecanicamente que nem se percebe o que se diz. Shalom é a plenitude bens. O shalom é tudo o que o Pai quer para o seu povo. Só existe quando reina o projeto de vida de Deus. Implica a satisfação de todas as necessidades básicas da pessoa humana. Inclui saúde, educação, harmonia, justiça, alimentação, bem-estar na família.  Como dizia Paulo VI: “Justiça é o novo nome da paz!”.  Os primeiros cristãos seguiram este costume e se saudavam desejando a paz, o Shalom. Porém, a partir de Jesus, “Shalom” é enriquecido ainda mais.  A saudação de paz tinha um significado bem mais profundo. São Paulo saúda dizendo: “Que a paz de Cristo reine em vossos corações”. Trata-se da “paz de Cristo”, que veio “para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Jesus mesmo deixa isto bem claro: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não a dou como o mundo a dá”. Não se trata de ausência de conflitos ou de tranquilidade interior. Sabemos bem qual a paz que o mundo apregoa. Exigir direitos, construir fraternidade, lutar pela vida e dignidade, defender valores, tudo isto o mundo considera rebeldia, subversão, ausência de paz. Uma pessoa simples do povo, certa vez, chegou a afirmar: “O ronco de fome na barriga do pobre é subversão, é o tal do comunismo que os poderosos falam”.  A paz é o grande dom de Jesus deixado como herança a seus seguidores. A paz de Jesus não se constrói em cima de mentiras ou injustiças. O papa Francisco recorre à expressão: “cultura de paz”, tão necessária nestes tempos de “cultura da violência, do ódio”. A “cultura da paz” exige que se busque a eliminação das injustiças, da violência e não o “império do mundo” com decretos de armamento, acompanhado de manipulação religiosa. A “cultura de paz” exige que se crie um clima de respeito, de diálogo, de promoção da vida em plenitude. “Que a paz e o bem reine em nossos corações” neste contexto tão adverso. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ

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