Solenidade de Nossa Senhora Aparecida

09/10/2025

‘Fazei o que Ele vos disser’ – Jo 2,1-11 – Apareceu nas Águas Brasileiras um grande sinal do Céu – Esta frase, citada num comentário na internet, certamente tem como ponto de partida o capítulo 12  do Apocalipse, texto da 2ª leitura da missa da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida. Como outrora, nos inícios das comunidades cristãs, num lugar periférico do Império Romano, na pequena ilha de Pátmos, na  Ásia, o autor descrevia a Igreja nascente como um “grande sinal” no céu: o de uma “mulher” como rainha, mas em dores de parto, frágil e ameaçada. Por outro lado mostra um “dragão” que persegue a mulher e quer devorar o filho tão logo nasça. Trata-se da perseguição do Império Romano contra a fé cristã. Nas águas brasileiras, em 1717, em plena escravidão no Brasil, três pescadores, sob ordens superiores, lançam suas redes para uma pesca, mas ao invés de peixes, recolhem a imagem de uma mulher, negra e frágil. A pesca, a seguir, teria sido abundante. Muitos “dragões”, também, ao longo da história, ameaçaram a vida desta mulher e “buscaram devoram” a fé, a fraternidade e a partilha de um povo simples que viu nesta imagem um “sinal do céu”. O sinal que apareceu nas águas brasileiras, continua abundante, mesmo com a depredação de suas fontes. Hoje, Nossa Senhora da Conceição Aparecida continua sendo um “grande sinal” em todo o território Brasileiro. Aprofundemos este sinal, aproximando-nos do Evangelho deste dia. Trata-se de um relato do evangelista João, no qual Jesus realiza seu primeiro “sinal”, um sinal que manifesta a “glória de Deus” e leva seus discípulos a “crerem nele”. O cenário é Caná da Galileia, periferia do judaísmo, num momento festivo: um casamento onde Jesus, seus discípulos e sua mãe estão presentes. No meio da festa ocorre um transtorno: o vinho, essencial para a festa, começa a faltar. Não se deve ler esta narrativa como um fato ocorrido historicamente; trata-se de uma catequese de fundamental importância. Os silêncios presentes no relato evidenciam não se tratar de uma reportagem. Não se fala da noiva, nem dos pais dos noivos. Esta festa era numa casa ou em outro local? O que fazem ali as seis talhas grandes de água que serviam para a purificação dos judeus? Jesus transformou a água em vinho dentro das talhas, ou no ato de ser servido? Por que Jesus chama Maria de “mulher “e não de “mãe”? São muitas as questões que se poderiam levantar. Impossível considerar todo o seu simbolismo nesta breve reflexão. Olhemos então apenas para a falta de vinho e a intervenção de Maria.  O vinho, tão presente no AT, é o símbolo da alegria, do amor, da aliança entre Deus e seu povo. No NT, também é sinal do sangue com o qual o Filho de Deus selará a sua aliança nupcial e definitiva com a humanidade. Esta Salvação conta com a intervenção de Maria, a mediadora da salvação: “Eles não têm mais vinho”! Maria antecipa o aparecimento de um “grande sinal “aqui na terra, pois a humanidade não via mais “sinais” de alegria, a aliança fora esquecida, a partilha, a comunhão e igualdade estavam desaparecendo de muitos corações. Daí a necessidade de “fazer tudo ao que Ele nos disser”. Parece que o ensinamento fica evidente: se nós servos e servas, fizermos tudo o que Jesus nos disser, haverá vinho de qualidade e em abundância. Haverá alegria, paz, fraternidade. O reino de Deus se evidenciará sempre mais. Maria indica o caminho que devemos seguir, pois Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.  O sinal das Bodas de Caná é o “grande sinal” que apareceu, se não no céu, mas aqui na terra, numa pequena aldeia, em Caná da Galileia, a “Galileia das nações” (cf Mt 4,15), da qual nada pode sair de bom (cf Jo 7,52). Que um novo “grande sinal” apareça hoje nas terras onde Jesus viveu. Basta de “dragões” em Israel!   Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Mãe dos “Peregrinos da Esperança”, nos ajude a ver os sinais e a “fazer tudo o que Ele nos disser”.  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ