Solenidade de Pentecostes

25/05/2023

Recebei o Espírito Santo”– Jo 20,19-23 – Solenidade de Pentecostes – O foco deste domingo é, com certeza, o Espírito Santo, tão  largamente anunciado por Jesus em seus discursos de despedida, como estamos vendo na Liturgia destas últimas semanas. A proposta do Reino, inaugurada por Jesus e vivida pela nova comunidade, é fecundada e sustentada pelo Espírito Santo. Esta comunidade nova é constituída de povos de todas as raças, línguas e culturas, como nos relata o Livro dos Atos na 1ª leitura, quando narra a descida do Espírito sobre os discípulos, cinquenta dias após a Páscoa. O “Pentecostes cristão” coincide com a festa judaica do “Pentecostes judeu”, a festa do dom da Lei e da constituição do Povo de Deus. Agora surge o novo Povo de Deus, regido pela Lei do Espírito, que une, ilumina, conduz, consola. O relato de Atos é um relato revestido de linguagem e conteúdo altamente teológicos, Litúrgicos e eclesiológicos.

O Evangelho deste dia já foi lido no segundo domingo da Páscoa, mostrando que a comunidade ainda não havia se encontrado com Jesus ressuscitado e nem havia tomado consciência do significado da ressurreição. A comunidade estava fechada, insegura, com medo… João descreve a situação da comunidade de forma simbólica: o “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo” (v. 19 a). Trata-se de uma comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade. Falta-lhes o Espírito de Jesus. Vive uma profunda crise, crise análoga a que se vive hoje na Igreja e na Vida Religiosa Consagrada. No relato evangélico esta crise é superada. Jesus aparece “no meio deles” (v. 19b). O centro da vida da comunidade terá que ser a pessoa de Jesus, portador da paz, do “shalom”, do dom messiânico que, em situação de desalento, inicia por transmitir serenidade, tranquilidade, confiança, valores que ajudam a superar o medo e a insegurança e assumir a missão. Então Jesus dá um passo adiante: “mostrou lhes as mãos e o lado”, ou seja, façam o que eu fiz (mãos) e tenham os mesmos sentimentos que eu tenho (lado). Isto será fonte de muita alegria. Mas não basta encher-se de consolo e alegria. Assim, mais uma vez Jesus lhes deseja a paz, não para ficarem ali vivendo o sabor do encontro. O que segue é a razão de ser do encontro: “Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós”. O envio, o mandato, é a meta de todo seguimento.

 Vem, depois, a comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de ‘soprar” sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem, feito de argila. Com o “sopro” de Deus de Gn 2,7, o homem tornou-se um “ser vivente”; com o “sopro” sobre os discípulos, Jesus transmite a vida nova e faz nascer a nova humanidade. Agora os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados para fazerem da sua vida um dom de amor.

Finalmente Jesus explicita qual a missão dos discípulos (v. 23): “àqueles a quem perdoardes os pecados ser lhes ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos”. Isto não significa que o perdão dos pecados seja um ato de poder subjetivo, pessoal, individual dos discípulos. Trata-se de testemunhar ao mundo a vida nova de Jesus. Quem aceitar esta proposta, pertence à comunidade de Jesus. Quem não aceitar, continuará em seu mundo de “pecado”, seguindo pelo caminho do egoísmo, da injustiça, da mentira e da morte. Para prosseguir no caminho de Jesus, necessário se faz ser conduzido pelo Espírito de Jesus, o Espírito Santo. Que possamos fazer a experiência de olhar a vida sob a luz do Espírito Santo e nos comuniquemos com a linguagem do amor que toda a humanidade compreende bem.  Ir. Zenilda Luzia Petry  – FSJ